O sonho de se aposentar e poder curtir a vida sem preocupações financeiras está ficando cada vez mais distante. Quatro em cada dez brasileiros maiores de 60 anos são responsáveis pelo sustento de seus lares, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Mesmo nas casas em que não são os responsáveis pelo sustento, 91% contribuem com o pagamento das despesas da família. Entre esses, 25% colaboram com a mesma quantia que os demais membros da família. Somente 9% não ajudam com as despesas da casa.
Esses dados, segundo o SPC Brasil, refletem o aumento da expectativa de vida, que faz com que o idoso demore mais para sair do mercado, e o desemprego elevado dos integrantes mais jovens da família.
“Há muitos casos em que a renda do aposentado é a única maneira para sustentar o lar de uma família que perdeu emprego, mas o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e suas atitudes nesta fase da vida também são fatores importantes”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
A população de 25 a 59 anos representava 56,9% dos desocupados no terceiro trimestre do ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE. Os jovens de 18 a 24 anos eram 32,6% dos desempregados, enquanto os idosos correspondiam a 2,8%.
As maiores taxas de desemprego atingem a faixa etária de 14 a 17 anos (40%) e de 18 a 24 anos de idade (25,8%). A menor taxa é a dos maiores de 60 anos (4,5%). Os grupos de 25 a 39 anos (11%) e 40 a 59 anos (6,9%) também têm uma taxa menor que a média nacional, de 11,9%.
Empréstimos
De acordo com a pesquisa, 51% dos idosos precisam pedir dinheiro emprestado, utilizam o cartão de crédito ou o cheque especial para pagar as contas. Outros 25% fazem financiamento para ajudar nas despesas da casa. Na maior parte dos casos, o empréstimo foi um pedido de filhos, cônjuges ou outros parentes. Segundo Marcela Kawauti, os idosos de hoje são mais ativos, têm mais autonomia financeira e trabalham por mais tempo, “seja por necessidade ou porque se sentem dispostos”.
Um indicativo de que os idosos estão mais independentes é que 66% deles disseram que não recebem ajuda financeira de parentes, amigos, pensão ou programa social.