ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Desmonte climático de Trump pode atrasar agenda global em 4 anos

Cerca de 20% a 25% das emissões do planeta Terra, vindas dos Estados Unidos, recairão para outros países, como Brasil e Europa

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jan 2025, 16h28

O retorno de Donald Trump à Casa Branca aponta para uma nova era de desmonte das políticas ambientais e climáticas nos Estados Unidos. Em menos de uma semana, o republicano já retomou a linha de desregulamentação ambiental que marcou seu primeiro mandato. Entre 2017 e 2021, Trump revogou mais de 100 regulações ambientais, permitindo o aumento das emissões de gases de efeito estufa e enfraquecendo a agenda global de mitigação das mudanças climáticas. Agora, o futuro climático parece ainda mais incerto.

Trump reiterou seu compromisso com a expansão da produção de combustíveis fósseis, simbolizada pelo slogan “Drill, Baby, Drill” – uma clara intenção de promover a exploração desenfreada de petróleo e gás, em oposição ao movimento global de transição energética. Suas promessas incluem a revogação das políticas climáticas adotadas pelo presidente anterior, Joe Biden, como as metas para veículos elétricos e a adesão dos Estados Unidos ao Acordo de Paris. A retirada do país desse acordo, que visa limitar o aquecimento global, já havia ocorrido sob a liderança de Trump em 2017.

Especialistas climáticos estão preocupados com o impacto que essas ações podem ter em um cenário cada vez mais crítico. Em 2024, o mundo ultrapassou a marca simbólica de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, um limiar considerado perigoso para o equilíbrio ecológico do planeta. Especialistas alertam que as medidas do novo governo americano podem resultar em um retrocesso de até quatro anos na agenda climática global.

O diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, ressalta que a saída dos americanos de iniciativas climáticas globais compromete o progresso nas negociações internacionais e enfraquece a cooperação necessária para reduzir as emissões. “A desidratação dos Estados Unidos em relação às metas climáticas é uma péssima notícia para o clima, para uma agenda já em atraso e com pouca ambição. E, no momento em que deveríamos aumentar essa ambição, cerca de 20% a 25% das emissões do planeta Terra, vindas dos Estados Unidos, saem da mesa de discussão”, diz.

Segundo ele, a responsabilidade de reduzir as emissões recairá ainda mais sobre países como a China e o Brasil, enquanto os Estados Unidos, um dos maiores emissores globais, permanecerão à margem das negociações.

Continua após a publicidade

O governo argumenta que o aumento da produção de combustíveis fósseis é necessário para garantir a segurança energética e manter os custos de energia baixos e também vincula essa expansão a uma questão de segurança nacional, destacando a crescente demanda de eletricidade, impulsionada pela corrida tecnológica entre os Estados Unidos e a China, — especialmente no setor de inteligência artificial (IA). Doug Burgum, indicado por Trump para o Departamento do Interior, defendeu publicamente a produção de petróleo e gás como essencial para que os Estados Unidos mantenham sua competitividade na corrida armamentista de IA com a China.

Os impactos econômicos de uma nova administração Trump também devem reduzir o preço do barril de petróleo no mercado global. Em artigo, o economista Alexandre Manoel, do FGV/Ibre, estimou que a desregulamentação no setor de energia deve pressionar o preço do petróleo, potencialmente estabilizando o barril em torno de US$ 60. Esse movimento poderia beneficiar os americanos ao reduzir a inflação e aumentar a oferta de energia, mas traria repercussões negativas para os esforços globais de transição energética.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.