Dólar recua após leilões de US$ 5 bilhões do BC e de olho em inflação nos EUA
Às 9h35, a moeda era negociada a 6,07 reais. Na quinta-feira, a moeda fechou em queda de 2,27%

O câmbio brasileiro passa por uma descompressão nesta sexta-feira, 20. Às 12h35, a moeda americana era negociada a 6,08 reais, com queda de 1,2%. Desde o começo dos negócios, a expectativa dos investidores era de que o Banco Central (BC) faria uma nova rodada de leilões para injetar dólares no mercado cambial: estavam previstos leilões de até 7 bilhões de dólares.
Logo no começo do pregão, o BC injetou 3 bilhões de dólares no mercado à vista, com oito propostas aceitas. Em seguida, seriam 4 bilhões de reais em leilão de linha — venda conjugada com compromisso de recompra, pós-fixado pela taxa Selic. A colocação foi separada em dois vencimentos, cada um de 2 bilhões de dólares, mas apenas um foi aceito, perfazendo um total de 5 bilhões de reais na operação de hoje.
Lá fora, o rendimento dos títulos de dívida dos Estados Unidos, as Treasuries, seguem em queda. No pano de fundo, investidores digerem a divulgação dos dados do Índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), medida preferida pelo Federal Reserve, o banco central americano, para balizar a inflação nos Estados Unidos. A inflação veio abaixo das projeções de economistas, mas ainda acima da meta da autoridade monetária.
Localmente, os investidores ainda analisam o avanço do pacote fiscal e verificam o nível de desidratação das medidas. Mas a aprovação de parte do texto também influencia o mercado de câmbio positivamente.
Na quinta-feira, a moeda enfrentou muita volatilidade e, após cinco pregões seguidos de alta, fechou o dia sendo negociada a 6,12 reais, queda de 2,27%. Durante a manhã, a moeda americana operou em forte alta, batendo o novo recorde intraday (ou seja, cotação antes do fechamento) de 6,30 reais. O avanço, porém, perdeu fôlego depois de novos leilões do Banco Central, que injetaram 8 bilhões de dólares no mercado ao longo do dia — a maior intervenção diária já feita pela autarquia desde 1999, quando o país adotou o câmbio flutuante.
Falas de Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, e Gabriel Galípolo, que assumirá o cargo em janeiro, também contribuíram para acalmar o mercado. Durante entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação, Campos Neto disse que o BC “tem muita reserva e vai atuar se for necessário”, mas destacou que é comum que o fim de ano traga um fluxo cambial maior.