Dólar avança de olho em tarifas de Trump; Ibovespa recua após Caged
Trump diz que tarifas para Canadá e México começarão na próxima semana; vagas de emprego no Brasil reforçam receio de pressão inflacionária

Em dia de informações importantes sobre o ritmo do mercado de trabalho no Brasil e novos anúncios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar fechou em alta de 0,83%, cotado a R$ 5,80, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 0,96%, em 124.768 pontos.
O mercado doméstico foi movimentado principalmente pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério Trabalho nesta manhã. Em janeiro de 2025, o Brasil teve a criação de 137.303 empregos com carteira assinada, resultado 20% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.
O número veio acima do “spoiler” dado no início da semana pelo ministro Luiz Marinho, quando afirmou em entrevista que foram criados 100 mil postos de trabalho no mês passado. A fala de Marinho já indicava um resultado bem acima da média prevista por analistas, que era de 50.500 vagas.
A quebra de protocolo e o anúncio oficial desestabilizaram o mercado brasileiro de renda variável porque, embora positivos do ponto de vista macroeconômico, indicadores muito fortes de emprego apontam para uma economia mais sólida. Isso poderia alimentar ainda mais a inflação, forçando a taxa de juros a permanecer elevada — o que inibe a demanda por ativos de maior risco, como as ações.
Agora, na agenda de balanços, os investidores aguardam os resultados financeiros de 2024 da Petrobras, que serão publicados após o fim do pregão de hoje.
No cenário internacional, a taxa de câmbio volta a ser pressionada após Trump declarar que as tarifas de importação de 25% planejadas para os vizinhos Canadá e México serão finalmente implementadas na próxima semana. Além disso, o republicano anunciou na tarde de hoje que planeja aplicar tarifas de 25% à União Europeia, bloco que foi “criado para prejudicar os Estados Unidos”, segundo ele.
No caso de Canadá e México, o presidente americano anunciou o “tarifaço” no início de fevereiro, mas logo adiou a medida após selar acordos com os representantes dos dois países. O México se comprometeu a reforçar a fronteira norte com 10 mil membros da Guarda Nacional para impedir o tráfico de drogas para os Estados Unidos, além de trabalhar para impedir o tráfico de armas. O Canadá, por sua vez, também prometeu maior cooperação em assuntos fronteiriços.