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Dólar e retomada das atividades aceleram a inflação ao produtor

Índice que mede preços na "porta da fábrica", subiu 3,28% em agosto, maior valor em seis anos; IGP-M, com grande peso do atacado, acelerou 5,92% em setembro

Por Larissa Quintino Atualizado em 29 set 2020, 13h12 - Publicado em 29 set 2020, 10h11
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  • Inflação na "porta da fábrica" não mede custos com transporte e frete (Divulgação/Divulgação)

    O paradoxo da inflação no Brasil nos tempos da pandemia do novo coronavírus caminha junto ao descompasso da atividade econômica. Receosas com a longevidade da crise e queda de renda, as famílias passaram a consumir menos. A desaceleração foi geral e atingiu toda a cadeia, desde suprimentos básicos. Com a retomada do consumo, de maneira mais rápida que o esperado, o custo ao produtor subiu. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, os preços aos produtores voltaram a subir em agosto, tendo a maior  variação positiva de sua série histórica, iniciada em janeiro de 2014, com avanço de 3,28% no mês. Esse é o décimo terceiro aumento consecutivo do indicador, que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete.

    Das 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação, todas apresentaram alta no período.  No ano, o IPP acumula alta de 10,80%. Já nos últimos 12 meses, a inflação da indústria chegou a 13,74%. Toda essa pressão vinda começa a refletir no custo para o consumidor final. 

    O indicador mede a evolução dos preços de produtos nas indústrias extrativas e de transformação “na porta de fábrica”, sem impostos ou fretes. Com o dólar nas alturas, cotado na casa dos 5,60 reais atualmente, os valores dos insumos para a indústria começam a sofrer pressão. A tendência é que, em primeiro momento, esse aumento de custo na produção não seja repassado ao consumidor, mas a pressão inflacionária existe. Segundo os dados divulgados pelo IBGE, a atividade de alimentos, que tem o principal peso no índice geral (cerca de um quarto do indicador), registrou alta de 4,07% no mês, a maior variação desde março (4,23%). Com isso, o setor acumulou no ano crescimento de 16,51%. Já na comparação com agosto de 2019, a variação foi de 27,45%, a maior da série.

    “Foram quatro produtos que mais impactaram o resultado da indústria alimentar: farelo de soja, óleo de soja, arroz descascado branqueado e leite esterilizado UHT longa vida. Da variação de 4,07% no mês, esses quatro produtos representaram 2,20 pontos percentuais. Os demais 39 produtos analisados ficaram com 1,87 pontos percentuais”, detalha o gerente do IPP, Manuel Campos Souza Neto.  Os preços do arroz, leite e do óleo de soja estão entre os que mais subiram no IPCA-15 de setembro, a “prévia” da inflação para o consumidor, que indica que o repasse nos custos da produção está chegando ao consumidor. Segundo Souza Neto, a pressão de alguns desses alimentos está relacionada diretamente ao câmbio.  “O arroz e os produtos de soja são também influenciados pelos preços do mercado externo, pois também são exportados. A variação do dólar frente ao real no mês foi de 3,4% e de 32,9% no ano”, acrescenta o técnico.

    A pressão dos preços ao produtor também é sentida pelo IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas. O indicador de setembro subiu 4,34%, influenciado principalmente pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, acelerou a alta a 5,92% no mês, depois de subir 3,74% em agosto. Ou seja, o dado trazido pela FGV mostra que os preços continuam se acelerando para o produtor. O IPC, que traz a variação para o consumidor, avançou 0,64% em setembro contra 0,48% em agosto, tendo a alimentação um grande peso. Segundo André Braz, coordenador de Índice de Preços da FGV, a pressão sentida nos preços da indústria e já repassada nos alimentos para o consumidor só não é refletida de forma maior na inflação porque ainda há demanda reprimida de serviços. “Os serviços livres, como passeios, cinemas, teatros e hospedagens ainda estão deprimidos, seja por restrições ou por menor demanda do consumidor,  Isso também acontece com restaurantes e salões de cabeleireiro, e também é visto nos serviços administrados, como planos de saúde, que tiveram reajustes adiados”. Braz avalia que o repasse para o consumidor, que não chega com força devido a redução das margens de lucro empresariais, tende a ser feito no próximo ano caso a retomada da economia — com o reaquecimento dos empregos — realmente ocorra.

    A pressão já é vista pelo mercado, tanto que analistas aumentaram pela sétima semana seguida a previsão do IPCA, o índice oficial de inflação do país. A previsão é que termine em 2,05% neste ano. A previsão, entretanto, era de 1,71% há um mês atrás. O repasse parece tímido, mas chama atenção as revisões seguidas. De modo geral, a força do repasse ao consumidor vai se intensificar à medida em que as atividades forem se recuperando. Com isso, os mercados tidos como essenciais, que sofreram menos na fase mais aguda da pandemia, serão os primeiros a serem afetados — é o que acontece com os alimentos.

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