Após cair à casa de 3,03 reais e atrair compradores, o dólar acabou fechando em alta nesta quinta-feira, interrompendo dois dias seguidos de queda que o levaram ao menor nível em mais de um ano e meio por conta de expectativas de entrada de recursos externos no país.
O dólar avançou 0,56%, a 3,0841 reais na venda, depois de bater 3,0390 reais na mínima do dia, menor patamar intradia desde 18 de junho de 2015 (3,0292 reais).
No acumulado dos dois pregões anteriores, o dólar havia recuado 1,39%. O dólar futuro subia cerca de 0,80% no final desta tarde.
“O dólar ficou barato, o importador comprou e as tesourarias bancárias recompuseram um pouco de suas posições”, disse o diretor da Correparti Corretora Jefferson Rugik.
Apesar dessa correção pontual, a trajetória da moeda norte-americana segue de baixa, segundo operadores, com expectativas de entrada de recursos vindos do exterior devido, entre outros, às recentes captações feitas por empresas no Brasil.
“O Brasil segue surfando numa onda favorável. O dólar ganhou mais um reforço para sua trajetória de baixa com a aprovação da repatriação, mas a queda a partir de agora, com esse patamar, deve ser mais contida”, acrescentou um profissional sênior da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
Na noite passada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto para nova rodada de regularização de ativos mantidos ilegalmente no exterior, a chamada repatriação, programa que rendeu mais de 45 bilhões de reais ao governo no ano passado. Para essa nova fase, existem expectativas de que mais 20 bilhões a 30 bilhões de reais possam ser levantados.
A matéria, no entanto, volta agora ao Senado, por conta das modificações feitas, já que o projeto original é daquela Casa, e deve ser votada na próxima semana.
Ao longo do mês, o dólar testou várias vezes o nível de 3,10 reais até conseguir rompê-lo. O atual patamar, em torno de 3,05 reais, era indicado por alguns profissionais com novo piso informal do mercado.
“O dólar já caiu bastante e, neste patamar, falta um pouco de fôlego para ir além. Mesmo com a perspectiva de nova repatriação, os volumes não devem ser tão robustos quanto na primeira edição”, avaliou a diretora de câmbio da AGK Corretora Miriam Tavares.
O Banco Central fez nesta sessão o terceiro leilão seguido de até 6 mil swaps tradicionais –equivalentes à venda futura de dólares– para rolar os contratos que vencem em março, sinalizando que deixará expirar boa parte dos quase 7 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.
Alguns profissionais acreditavam que uma forma de o BC conter um pouco o movimento de recuo do dólar ante o real é repetir nos próximos meses a redução da rolagem de swaps tradicionais.
“O mercado não acreditava que o BC iria rolar alguma coisa esse mês e, quando anunciou, acabou tendo viés de baixa na moeda. Mas com o dólar nesses preços, ele pode ir diminuindo sua posição em swap”, disse Miriam.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas após onze dias de ganhos consecutivos.
(Com agência Reuters)