A preocupação com a cena fiscal e política local continuou estressando os mercados nesta quarta-feira e o dólar fechou mais um pregão em alta, a caminho do patamar de 3,85 reais, mesmo com as atuações do Banco Central. O dólar avançou 0,75%, a 3,8384 reais na venda, renovando o maior nível desde 2 de março de 2016. No mês, já acumula valorização de 2,72%, e de 15,81% no ano. Na máxima do dia, a moeda americana foi a 3,8499 reais.
“O mercado está olhando muito para o (cenário) político e hoje é prova disso, com o exterior melhor e a gente aqui apanhando”, afirmou o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.
Pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração. Na véspera, levantamento do DataPoder360 mostrou que o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) estava na segunda posição, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com Geraldo Alckmin (PSDB), visto pelos investidores com perfil reformista, sem decolar.
“A política, e não mais a economia, agora representa o maior risco para o real”, escreveu o economista-chefe da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics (CE), Neil Shearing, para quem a disputa eleitoral deste ano deve ficar entre a “direita populista” e a “esquerda populista”.
Os investidores também estavam preocupados com o cenário fiscal, depois do impacto da redução do preço do diesel sobre as contas públicas.
Dessa forma, o BC tem atuado no mercado. Na véspera, fez intervenção adicional ao anunciar leilão de até 30 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.
Para esta sessão, voltou ao padrão recente e vendeu o lote integral de até 15 mil novos swaps, injetando 4,116 bilhões de dólares neste mês no mercado.
O BC também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 swaps para rolagem, já somando 1,760 bilhão de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume.
No exterior, o dólar caía ante a cesta de moedas e também ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.