Dólar recua com cenário geopolítico e comercial no foco; Ibovespa tem leve alta
Mercados digerem desdobramentos comerciais envolvendo os EUA, enquanto observam novos comentários de Lula volta sobre preço dos alimentos

De olho em um alívio de curto prazo no cenário geopolítico e comercial global, com os EUA novamente no centro, o dólar fechou em queda de 0,38% nesta quinta-feira, 20, cotado a R$ 5,70. Já o Ibovespa, principal índice da B3, registrou leve alta de 0,23% no fim do pregão, em 127.600 pontos.
No cenário internacional, os investidores segue de olho em uma possível trégua na frente comercial entre EUA e China, que levou o movimento do mercado de câmbio local a acompanhar a tendência apresentada no exterior. Além disso, segue no foco do mercado as negociações para o fim dos conflitos armados na Ucrância, em um debate conduzido pelos americanos com a Rússia, embora não envolvam Kiev. O índice dólar, o DXY, oscila em baixa de 0,73% no exterior.
Ainda no exterior, o mercado digere a divulgação, ontem, da ata da última reunião realizada pelo Federal Reserve, o banco central americano. O documento apontou que as mudanças nas políticas comercial e de imigração, os impactos geopolíticos sobre as cadeias de suprimentos e os gastos das famílias maiores do que o esperado são os principais gatilhos para a dificuldade no controle da inflação nos EUA. O Fed também reforçou que, por ora, não prevê cortes nas taxas de juros.
Os investidores também acompanham de perto o “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, que hoje ganhou um novo capítulo. O republicano anunciou que incluirá a madeira e produtos florestais na lista de itens que terão novas tarifas de importação de 25% nos próximos meses. Diante da leitura que ainda predomina entre os investidores de que os movimentos de Trump são muito mais para forçar negociações comerciais e não somente retaliar as economias globais, o impacto da notícia nos mercados foi bastante limitado. A isso se soma a alta dos preços das commodities, que beneficiam o real. O minério de ferro e o petróleo avançam, repercutindo as negociações em torno de um possível cessar-fogo da guerra da Ucrânia.
No mercado doméstico, a atenção dos investidores é pautada pela divulgação de resultados da Vale ontem. Apesar de ter registrado um prejuízo líquido de US$ 694 milhões no quarto trimestre de 2024, dois anúncios foram considerados otimistas pelo mercado: a empresa teve crescimento em seu Ebitda, um indicador de geração de caixa, e pagará US$ 2 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio em março.
O assunto do preço dos alimentos também foi pautado durante o dia. O presidente Lula afirmou que os preços dos alimentos, como ovos e carne, devem cair nos próximos meses. “Agora, a carne começou a cair. Vai cair e pode ficar certo que vai cair e o povo vai voltar a comer a sua ‘picanhinha’, a sua costela, outro pedaço de carne que ele deseja”, disse à rádio Tupi do Rio de Janeiro.