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Economia saiu da crise, mas ainda tem longo caminho pela frente

Produção no ano subiu 1%, após dois anos de recessão; mas ainda está em nível similar a 2011 e continuidade no crescimento depende de diversos fatores

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 mar 2018, 15h14 - Publicado em 1 mar 2018, 13h02
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  • O avanço da economia brasileira de 1% em 2017 relação ao ano anterior oficializou a saída do país da crise. Foi o primeiro ano positivo após dois anos seguidos de recessão. A análise dos números mostra que vão ser necessários mais fatores positivos para dizer que tudo voltou ao normal e o crescimento vai ser duradouro. O nível de atividade ainda está no patamar de 2011 e o crescimento além de 2018 vai depender de continuidade dos investimentos, reformas, eleição e geração de empregos.

    A retomada na atividade surgiu no começo de 2017 com a safra recorde no campo, que fez o PIB voltar ao azul após oito trimestres de quedas seguidas. E foi a expansão do setor agropecuário o grande destaque de 2017, com alta de 13%. Foi o maior avanço desde 1996, segundo o IBGE, mas ficou concentrado nos primeiros meses. “Ao longo do ano, os dados foram piorando”, avalia o diretor de pesquisa macroeconômica do Ipea, José Ronaldo Júnior.

    Os ganhos no campo chegaram a outros setores. Com maior oferta de alimentos, os preços caíram. A inflação baixa, junto com o avanço do crédito, juros em baixa e recursos das contas inativas do FGTS deram impulso ao consumo das famílias, que cresceu 1%. Se a indústria ficou estagnada, analistas apontam que setores começaram a reagir, como o automobilístico, o que é um dado bom ante o cenário que já era complicado antes da recessão. O principal salto foi no setor extrativista (4,3%).

    Nos serviços, houve alta de 1,8% no comércio. “Em 10 das 12 atividades produtivas houve crescimento, mostra que ele está disseminado”, diz Artur Passos, economista do Itaú Unibanco. Do lado dos gastos, o investimento fechou em queda no ano, mas acumulou três altas trimestrais seguidas.

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    Para o economista Otto Nogami, do Insper, é preciso ter cautela com os números positivos. Isso porque o aumento no consumo previsto para este ano depende de mais geração de postos de trabalho e o desemprego ainda está alto. Apesar do avanço do crédito, muitas famílias estão endividadas, o governo não tem como ampliar gastos. E gerar mais emprego é algo complicado em ano eleitoral, já que empresários ficam mais receosos.

    “O que dá sustentação a um processo de longo prazo é o investimento no setor produtivo. Não podemos esquecer que estávamos no fundo do poço. Se não fosse a alta no minério de ferro, agricultura e o FGTS, o resultado seria esse?”, questiona Nogami.

    Analistas de mercado ponderam que, apesar de a notícia no ano ser boa, há dúvidas pelo caminho. “A recuperação está sendo mais lenta tanto que o esperada pelo Planalto e pelos economistas. Isso tende a afetar a nota de crédito do país ainda. E, principalmente, sem a reforma da Previdência, a evolução daqui para a frente fica ainda mais comprometida”, avalia Fernando Bergallo, economista da intermediadora de câmbio FB Capital. “O que vai melhorar as expectativas do mercado é a definição dos presidenciáveis, que ainda não está bem clara”, considera Pedro Afonso, chefe de operações da corretora Gradual.

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