Economistas esperam que Selic fique em 6,5% até o final do ano
Para alguns, aperto monetário pode começar apenas em março de 2019; Santander vê taxa inalterada ao longo do próximo ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 6,5%, nesta quarta-feira (31). Segundo economistas, essa taxa deve se manter até o final deste ano, pelo menos. Além disso, a alta pode começar apenas em março do próximo ano.
Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, não há motivo para subir os juros antes desse prazo. “Há fatores que não devem pesar no cenário de inflação antes disso”, avalia. “Depois, pode-se iniciar um processo de alta levando em consideração o crescimento econômico dos Estados Unidos, a redução da meta de inflação e um crescimento mais robusto da economia brasileira”, avalia.
No próximo ano, a meta de inflação será reduzida de 4,5% ao ano para 4,25%. Em 2020, outra redução será feita, para 4%. Inclusive, o Copom fez sua primeira referência ao ano de 2020, algo ressaltado pelo economista Luciano Sobral, do Santander.
“Como em setembro, o BC reiterou que a conjuntura econômica ainda prescreve taxas de juros abaixo da taxa estrutural, mencionando que o estímulo resultante pode começar a ser retirado (i.e. os juros podem subir) caso o cenário se deteriore”, disse em nota.
“Acreditamos que a taxa Selic seguirá estável na próxima reunião do Copom (em 12 de dezembro) e ao longo de 2019. Na nossa visão, a ainda elevada capacidade ociosa na economia deve contribuir para manter os núcleos da inflação significativamente abaixo da meta nesse período, com a inflação cheia possivelmente se beneficiando nos próximos meses do alívio recente no mercado financeiro (com o real voltando a se valorizar)”, concluiu o economista.
Apesar do otimismo, Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, afirma: “O comunicado trouxe mais tranquilidade em relação ao cenário, mas deixa aberto a possibilidade de elevar a taxa básica de juros caso haja uma deterioração do cenário externo. Apesar disso, não devemos ter mais nenhuma alteração, ao menos neste ano”.