Electrolux: Confiança renovada no país
Com quase um século de atuação no Brasil, a sueca amplia investimentos e aposta em novos nichos para manter sua relevância no desafiador mercado brasileiro
Ao longo de seus 99 anos de presença no Brasil, a Electrolux testemunhou a chegada e a partida de diversas multinacionais que não resistiram às oscilações da economia local. Mesmo diante das carências estruturais do país — um contraste evidente com a estável Suécia, berço da fabricante de eletrodomésticos como geladeiras e lavadoras —, a companhia não apenas consolidou sua operação como se tornou uma das maiores referências do setor. Estimativas internas apontam que a marca detém 30% de participação no mercado brasileiro. Hoje, o país é o segundo mercado da Electrolux no mundo, atrás dos Estados Unidos, e respondeu por uma receita líquida superior a 10 bilhões de reais no último ano e um lucro de quase 800 milhões. Aqui estão algumas das fábricas mais produtivas do grupo, e o Brasil é relevante também na sua estratégia de inovação e design. A receita mundial da companhia se aproxima de 80 bilhões de reais, sustentada por uma combinação de eficiência industrial e adaptação às preferências regionais.
Confiante nas perspectivas de longo prazo, a Electrolux está ampliando a aposta no Brasil. A companhia está investindo 700 milhões de reais na construção de um novo complexo industrial em São José dos Pinhais (PR), cuja primeira fase já entrou em operação — trata-se do maior aporte da história do grupo sueco no país. O projeto reforça a estratégia de ampliar a presença da marca no segmento de eletroportáteis, ainda minoritário no portfólio, mas menos sensível aos efeitos de juros elevados. Além de aumentar a capacidade produtiva, o investimento deve consolidar o polo paranaense como um dos principais centros industriais da empresa na América Latina. “Esse movimento faz todo o sentido no momento macroeconômico”, diz Ana Paula Tozzi, presidente da AGR Consultores.
A nova unidade no Paraná terá capacidade para produzir 5 milhões de aparelhos por ano, incluindo liquidificadores, ventiladores e outros eletroportáteis. “Nossa ambição é ocupar a segunda posição entre as marcas do país nesse segmento”, afirma Leandro Jasiocha, presidente da Electrolux para a América Latina. O executivo destaca dois fatores que mais influenciam o desempenho do setor de eletrodomésticos no Brasil: a volatilidade cambial e os juros elevados, velhos conhecidos do empresariado nacional. “A grande vantagem do CEO brasileiro é a flexibilidade e a rapidez na tomada de decisão”, diz.
Presente em 120 países, a Electrolux enxerga o Brasil com atenção especial por seu tamanho de mercado e potencial de ampliação do consumo. Atualmente, a companhia mantém cinco fábricas em operação, localizadas no Paraná, em São Paulo e na Zona Franca de Manaus. No total, empregam diretamente 7 000 pessoas. O CEO Jasiocha, que começou na empresa como inspetor de qualidade, considera a cultura sueca da Electrolux um diferencial competitivo. Segundo ele, o ambiente de trabalho colaborativo e o respeito às pessoas são valores que fortalecem o engajamento das equipes e ajudam a atrair talentos. Com nova fábrica, investimentos robustos e foco em inovação, a Electrolux reafirma o papel do Brasil como peça-chave em sua estratégia de crescimento global.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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