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Eleições americanas: o futuro do TikTok nas mãos de Trump ou Biden

Rede social lança parceria com a Sony um dia depois do Departamento de Comércio ter dito que vai "defender vigorosamente" decreto que bane a empresa chinesa

Por Josette Goulart Atualizado em 3 nov 2020, 16h16 - Publicado em 3 nov 2020, 12h43

O TikTok está tocando a vida nos Estados Unidos sem medo do resultado das eleições presidenciais, que vivem o dia decisivo nesta terça-feira, 3, e podem definir o futuro do app no país. Na véspera, a empresa anunciou um acordo com a americana Sony Music para que os usuários da rede social tenham acesso a todos os artistas da gravadora. São nomes do naipe de Beyoncé, por exemplo. Para a Sony, o acordo serve para promover seus artistas na rede que tem viralizado no país e é usada todos os dias por 50 milhões de americanos, sendo que mais de 100 milhões, um terço da população, já têm o aplicativo em seus celulares. Se comercialmente o acordo faz todo sentido, o que chamou a atenção foi o fato de que o anúncio da parceria aconteceu menos de um dia depois do Departamento de Comércio do governo Trump ter dito que vai “defender vigorosamente” um decreto do presidente americano, que determina que o TikTok seja banido do país no dia 12 de novembro. Ou seja, na semana que vem.

Mas o TikTok está relativamente confiante porque, na sexta-feira, 30, uma juíza federal concedeu uma liminar que impede o banimento. E este inclusive foi o motivo para a manifestação do Departamento de Comércio dos EUA, apesar de que também afirmaram que vão cumprir a liminar. As eleições americanas terminam nesta terça-feira mas ainda é uma incógnita de quando o resultado será efetivamente conhecido já que o presidente Donald Trump, que concorre à reeleição, disse que vai judicializar o processo por conta da contagem dos votos pelo correio. Mais de 100 milhões de americanos votaram antecipadamente, um recorde na história do país. Independentemente do resultado, Trump segue presidente até janeiro de 2021 e até lá pode manter as restrições ao TikTok, mesmo que não seja reeleito.

O banimento da rede social se deu por conta da guerra comercial que Trump travou com a China durante todo seu mandato. O TikTok pertence aos chineses da ByteDance, que receberam um aviso de Trump, em agosto, de que deveriam vender a empresa sob pena de banimento. Justamente o banimento que tem o prazo para acontecer no próximo dia 12. A ByteDance chegou a fechar um acordo com a Oracle e Walmart, atendendo assim as exigências de Trump, que até chegou a dar sua benção para o negócio.  Mas os chineses imediatamente comunicaram que não abririam mão do controle do TikTok. Ficou então o clima de suspense sobre o que aconteceria com a rede social. Trump alega questão de segurança nacional já que por pertencer aos chineses, os dados americanos poderiam ser repassados ao governo do país estrangeiro. Mas a juíza que analisou o caso, a pedido de três usuários da rede, disse que as “próprias descrições do governo sobre a ameaça à segurança nacional representada pelo aplicativo TikTok são formuladas de forma hipotética”. No fim de setembro, outro juiz já tinha impedido o governo americano de proibir novos downloads do aplicativo, que fazia parte da primeira fase de sanções contra a rede social.

Caso o candidato democrata Joe Biden seja eleito, o TikTok poderá ser emblemático sobre a forma como ele pretende tratar as relações com a China. As big techs, em geral, esperam que Biden tenha uma política de menor confrontamento. A Apple em especial teme a reação dos chineses, já que 20% de suas vendas são para a China. Alguns analistas acham que é uma incógnita como Biden irá lidar com a China. Durante o governo Trump, os negócios com empresas chinesas estiveram na mira do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, que analisa os potenciais riscos de um determinado negócio à segurança nacional. Foi assim que empresas chinesas foram impedidas de comprar empresas americanas. Além disso, no governo Trump, houve o embate com a chinesa Huwaei, que é a grande provedora de equipamentos de 5G no mundo e que pode ter reflexos inclusive no Brasil. O motivo mais uma vez alegado é o de espionagem. Neste ano, alem do TikTok, Trump também baniu o WeChat, um superaplicativo chinês usado para bater papo ou fazer pagamentos.

Enquanto nada disso se resolve, os usuários do TikTok seguem usando o aplicativo, viralizando vídeos inclusive com as dancinhas de Trump durante a campanha. E agora ainda vão poder fazer suas performances ao som de Beyoncé.

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