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Em quinta alta consecutiva, Copom eleva a Selic para 6,25% ao ano

Comitê afirma que monitora os indicadores econômicos para avaliar se o choque inflacionário persistirá em 2022 e em 2023

Por Luisa Purchio Atualizado em 22 set 2021, 19h52 - Publicado em 22 set 2021, 18h38

Como esperado por praticamente unanimidade do mercado, nesta quarta-feira, 22, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar a taxa Selic em um ponto percentual. Na quinta alta consecutiva, a Selic atingiu 6,25% ao ano, nível mais alto desde junho de 2019. O principal motivo que vem pressionando o Banco Central a subir o juros do país é a inflação, que acumula alta no ano de 5,67%, acima da meta do Banco Central, de 3,75%.

No comunicado, o comitê cita a pressão disseminada dos preços na economia brasileira: tanto em bens industriais como em serviços, estes últimos, devido à retomada da economia. O BC chama atenção aos “componentes voláteis”, como alimentos, combustíveis e energia elétrica, “que refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis”. O Copom citou também o problema fiscal como fator de risco para elevação das taxas e sinalizou um novo ajuste, de mais um ponto percentual para a próxima reunião, a ocorrer em novembro.

Uma diferença importante em relação aos comunicados anteriores é que nesta reunião o Copom afirmou que é importante monitorar os indicadores econômicos para avaliar se o choque inflacionário persistirá em 2022 e em 2023. Anteriormente, o BC tratava a alta dos preços como fator passageiro. “O Copom considera que, no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e, simultaneamente, permitir que o comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques. Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”, disse o documento.

Essa ressalva foi feita em um momento em que diversas incertezas permanecem no horizonte e pressionam o crescimento econômico do país. Para 2022, o mercado prevê um PIB abaixo de 2%, o que pode arrefecer a alta dos preços do país. As metas de inflação do Banco Central são de 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023 — lembrando que há margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “Não descartamos um ajuste residual no início do ano, mas por ora a tendência é que a inflação ceda. O Banco Central vai ponderar estas situações até para não ser tão agressivo na alta de juros, o que causaria um dano muito extremo para a economia”, diz Silvio Campos Neto, sócio e economista da Tendências.

Repercussão

Tanto a decisão de hoje quanto as estimativas de alta nas próximas reuniões já eram esperadas pelo mercado. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já havia dado a entender em um evento que o ciclo de alta da Selic pode se encerrar no início do ano que vem, e não ainda em 2021, e que os aumentos seriam mais suaves que os estimados pelo mercado – na semana passada, os analistas projetavam alta de 1,25 ponto percentual da Selic. “Entendemos que podemos levar a Selic até onde precisa para ter convergência da meta [de inflação]. Isso não significa que o Banco Central vai reagir a cada dado de alta frequência”, disse Campos Neto na quarta-feira, 14.

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“Nós estávamos planejando rever o nosso call para um aumento maior que 1 ponto percentual, porque percebíamos um risco elevado do Banco Central ser mais agressivo nesta reunião. Mas, à luz das declarações do presidente do Banco Central, achamos desnecessário fazer a revisão”, diz João Mauricio Rosal, economista-chefe da Guide Investimentos.

As projeções inflacionárias vêm crescendo a cada semana nas estimativas do mercado, pressionadas pelo câmbio, pelos riscos políticos e fiscais do país, bem como pela crise hídrica e a pressão da demanda sobre a oferta que atinge todo o mundo. No último Boletim Focus, divulgado no último dia 20, o mercado estimou alta do IPCA pela 24ª vez consecutiva e previu que o índice encerrará o ano em 8,35%, acima dos 8% projetados na semana passada e dos 7,11% apontados quatro semanas atrás. Quanto à Selic, o boletim apontou que encerrará o ano em 8,25%, ante 8%, na semana passada, e 7,50%, há quatro semanas.

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