Cerca de dez pessoas reuniam-se no Terminal Rodoviário de Santo André por volta das 5h40 na esperança de conseguir chegar ao trabalho com o transporte público. Duas mulheres, que não quiseram se identificar por receio da repercussão negativa no trabalho, apoiavam a greve geral, convocada pelas centrais sindicais. “Para o nosso Brasil mudar tem que fazer isso, tem que parar tudo mesmo”, disse uma delas.
Para comprovar a dificuldade de chegar até o trabalho, uma delas tirou fotos do terminal. Isso porque a firma onde trabalha ameaçou cortar o ponto dos funcionários que não fossem. Na empresa da outra entrevistada, o ponto também seria cortado sem a presença do funcionário. Ela trabalha no centro de Santo André.
Desde cedo, o sindicato dos Comerciários de São Paulo realiza protesto na frente da CPTM, localizada na mesma rua da estação de ônibus. A categoria convidava a população a ficar em casa e lutar contra as reformas. Cerca de duas viaturas da Polícia Militar acompanhavam o ato.
Um pouco mais tarde, às 6 horas, o ajudante de produção Daniel Godoy, de 32 anos, chegou ao terminal. Ele, que andou 40 minutos até o local, queria chegar ao Tamanduateí, onde trabalha. Apesar da caminhada, o ajudante encontrou o local vazio e sem nenhuma opção de transporte para voltar pra casa. “A empresa não vai gostar, mas eles tinham que ter arrumado uma solução porque estão anunciando a greve faz tempo”.
A única orientação que sua empresa forneceu foi ligar ao RH a partir das 8 horas e informar a situação. “Concordo com a greve, mas tinham que fazer alguma coisa de forma que não prejudique quem precisa ir trabalhar”.
O auxiliar de produção Daniel Adevides, 23, precisava realizar o trajeto de ônibus até o Terminal Mercado, em São Paulo. Ele, que sabia da paralisação, veio apenas tirar fotos da paralisação para comprovar a falta de transporte. Mesmo assim, Adevides confirmou com funcionários do terminal de Santo André que os ônibus não iriam circular por 24 horas. “Sou contra as reformas, essa greve é boa e ruim ao mesmo tempo”.
Até as 6h40, quatro viaturas com cerca de 10 policiais monitoravam a estação de trem de Santo André. Duas viaturas de atendimento de emergência também estavam no local. Nesse horário, cerca de 20 pessoas ainda aguardavam para tentar conseguir um transporte.