O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter o ciclo de redução da taxa básica de juros e fazer um novo corte na Selic na reunião que começou na terça-feira e termina nesta quarta-feira. A aposta do mercado financeiro é que o órgão do Banco Central reduza a taxa novamente em 0,25 ponto porcentual, para 6,25% ao ano. A Selic está atualmente em 6,5%, menor patamar da história.
Nem mesmo a alta do dólar, que pode ter efeito na inflação, alterou as projeções do mercado financeiro para esta reunião do Copom. O dólar mais alto aumenta o preço de produtos importados e, consequentemente, encarece custos de transporte. Para tentar minimizar esse efeito, a autoridade monetária poderia elevar os juros. “Não acredito que a turbulência cambial terá influência na decisão de reduzir a taxa de juros e complementar o ciclo, que já estava sinalizado em atas anteriores”, considera Christiano Arrigoni, professor de economia e finanças do Ibmec-RJ.
“A política monetária é amparada em alguns fatores e não só na questão cambial, não acredito que o BC mude por conta de uma depreciação que, na minha avaliação, não é permanente e pode devolver as perdas nos próximos dias. A inflação está baixa e deve se manter assim nos próximos meses”, avalia o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, que engrossa o coro dos que projetam corte 0,25 ponto percentual na taxa.
O Copom iniciou o corte na taxa de juros em outubro de 2016. De lá para cá a Selic caiu 7,75 pontos percentuais, passando de 14,25% ao ano para 6,5% na última reunião. Agora a expectativa é que chegue a 6,25%, última redução do ano na avaliação do mercado.
“Acreditamos que o Banco Central seguirá o caminho traçado no comunicado da última reunião e fará um corte final de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, levando a taxa Selic para o mínimo histórico de 6,25% ao ano e encerrando o ciclo de flexibilização monetária”, diz a análise assinada pelo economista-chefe do Itaú-Unibanco, Mario Mesquita.
O Santander também projeta redução semelhante. “Esperamos que o Copom reduza a taxa para 6,25% ao ano, com um comunicado pós-decisão mais conservador que os anteriores. Nas comunicações anteriores, a autoridade monetária ressaltava a avaliação de cenário externo favorável para as economias emergentes”, diz o relatório do banco.
“Apesar da inflação de curto prazo e o ritmo de recuperação da atividade econômica abaixo do esperado, acreditamos que a piora das condições internacionais será destacada como fator de cautela para a condução da política monetária e usada como sinalização de fim do ciclo do afrouxamento monetário iniciado em outubro de 2016”, complementa o banco.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) também aposta em corte para 6,25%, e que essa taxa seja mantida até o fim deste ano.