Missão de Tarcísio Freitas na Infraestrutura será destravar investimento
Escolhido de Bolsonaro para a pasta terá o desafio de reverter queda aguda de recursos destinados a grandes obras
O auge dos investimentos em infraestrutura no Brasil se torna cada vez mais uma lembrança longínqua. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), esse momento foi vivido entre agosto e setembro de 2013 – poucos meses antes da deflagração da operação Lava Jato, que descortinou escândalos envolvendo grandes obras públicas. Desde então, os investimentos, paulatinamente, caíram cerca de 50%, de acordo com o último indicador publicado em agosto deste ano.
Jair Bolsonaro escalou Tarcísio Gomes de Freitas para comandar o Ministério de Infraestrutura – que possivelmente unificará as pastas de Transportes e Comunicações. O engenheiro, que já trabalhou nos governos Dilma e Temer, terá a missão de reverter o quadro.
Formado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Engenharia Civil pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e pós-graduado em gestão de projetos pela Fundação Getúlio Vargas, Freitas já chefiou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), coordenou o Programa de Parceria de Investimento (PPI) e foi consultor legislativo para a área na Câmara dos Deputados.
Como civil ele também trabalhou na Controladoria Geral da União (CGU) e como militar chefiou a seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti.
Freitas andará de braços dados com dois outros membros importantes do futuro governo. Joaquim Levy, que será presidente do BNDES, será o responsável por ajudar Freitas a viabilizar grandes obras de infraestrutura, como portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. O empresário Salim Mattar também atuará lado a lado com o militar enquanto comandar a pasta responsável pelas privatizações. Os três, juntos, estão incumbidos de captar dinheiro da iniciativa privada para fazer esse indicador do Ipea voltar a subir.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Gomes de Freitas afirma que obras que estão travadas podem ser descontinuadas caso não exista mais justificativa financeira. Construções em andamento, mas que estejam na mesma situação, também podem ser paralisadas. O objetivo, diz, é focar esforços em investimentos que realmente podem melhorar a logística no Brasil. “Precisamos fazer mais obras com a melhor alocação dos recursos”, diz.