As sanções do ocidente a economia russa tem aumentado conforme o conflito militar na Ucrânia avança e parece não ter uma solução. Uma das mais importantes é o bloqueio do sistema Swift. Esse sistema, até então pouco conhecido, é fundamental para o comércio internacional dos países e um banimento aos russos pode isolar o país. No domingo, líderes dos G7, grupo das sete maiores economias do mundo, disseram que aliados ocidentais decidiram cortar “certos bancos russos” do Swift. Porém, não informou quais.
Swift é uma sigla para Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais. Ao contrário do que se possa imaginar, o Swift não é um sistema de pagamentos, mas sim uma plataforma que padroniza informações financeiras. Sediada e gerida na Bélgica, a Swift foi criada por países europeus e os Estados Unidos em 1973 e reúne hoje 11 mil instituições financeiras conectadas em mais de 200 países.
Na prática, o Swift funciona como uma plataforma de mensagens em tempo real, permitindo que bancos e empresas informem uns aos outros os pagamentos que serão realizados e já foram recebidos. Durante o ano de 2021, houve mais de 42 milhões de trocas por dia. Não há troca de recursos em si no sistema, mas sim a confirmação das transações e padronização das informações financeiras, aumentando a segurança do comércio internacional.
Caso banidas, as instituições russas podem tentar confirmar as informações por e-mail, telefone ou até mesmo um sistema próprio, mas diminui a confiabilidade do sistema global. Há cerca de 300 empresas russas no Swift, perdendo em número apenas para os Estados Unidos.
Caso a remoção da Rússia ao sistema seja concretizada, haverá um bloqueio para que os bancos russos viabilizem pagamentos em suas transações comerciais. A maior implicação é que as empresas de outros países também ficam impedidas de fazer negócios, ou seja, há efeitos colaterais para as economias e o sistema financeiro global.
Preocupações
Alguns países relutaram em cortar o acesso da Rússia à rede de transferência interbancária devido a preocupações sobre como os pagamentos das importações de energia russa seriam feitos e se os credores da UE seriam pagos.
Apesar de a exclusão do SWIFT trazer impactos significativos, existem alternativas para países que não levantaram barreiras diretas à Rússia enviarem e receberem remessas internacionais, como é o caso do Brasil. Renata Amaral, consultora em comércio internacional e professora da American University, explica que existem alternativas para se esquivar da Swift. “Por exemplo, pagar a empresa com quem está se negociando em uma conta sua em Genebra. Depois, os caminhos pelos quais o valor chega à Rússia não são das vias mais transparentes, como paraísos fiscais. Esse processo não é necessariamente mais caro, mas mais trabalhoso”, diz Amaral.
Quando o Irã foi excluído do SWIFT devido aos avanços em seu programa nuclear, por exemplo, instituições de comércio exterior brasileiras conseguiram seguir com os negócios com o país passando por países terceiros. Hoje há, ainda, a possibilidade de realizar pagamentos via criptomoedas.