‘Está amarrado’, diz Guedes sobre falta de acordo para leilão do pré-sal
Eunício Oliveira disse que não irá colocar em votação o projeto que revisa o contrato de cessão onerosa da Petrobras até que haja um acordo
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira que existem dificuldades em torno de um acordo que permita a votação do projeto que revisa o contrato de cessão onerosa da Petrobras. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), anunciou que não irá colocar em votação o projeto até que haja entendimento entre a atual e a futura equipe econômica do governo.
“Está difícil, está amarrado”, disse Guedes ao chegar ao gabinete de transição, após reunião no Palácio do Planalto para discutir o tema. “É uma questão de forma de fazer. Aparentemente tem um impacto, é uma ameaça ao teto de gastos, mas por uma questão de forma”, acrescentou
Segundo Eunício, não foi possível chegar a um entendimento sobre o repasse para Estados e municípios dos 20% dos 100 bilhões de reais que devem ser arrecadados com o leilão por uma resistência da equipe econômica do governo Michel Temer.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), afirmou que as equipes do atual e do próximo governo discutem a forma de garantir o repasse de recursos de um eventual leilão do excedente de petróleo da cessão onerosa a Estados e municípios sem ferir o teto de gastos. “O entendimento em comum dos dois governos é para que haja repasses dos recursos para Estados e municípios, mas ainda estamos construindo como isso se dará. Precisamos dar uma solução técnica para que não haja um impacto no teto do gastos”, disse Jucá.
A discussão ocorre porque os recursos obtidos com o leilão seriam considerados receitas patrimoniais, regulamentadas pelo teto de gastos, e não royalties. A regra do teto limita as despesas de um ano ao gasto do ano anterior, acrescido da inflação.
Segundo Guedes, existe disposição para um entendimento porque há a avaliação de que todo mundo está com problemas, tanto Estados como municípios, além da própria Federação. “Então, evidentemente que qualquer coisa que pudesse ser compartilhada seria compartilhado”, disse. “O problema é que a forma de fazer isso aparentemente não é trivial. A equipe atual está dizendo que você não consegue fazer isso sem atingir o teto de gastos do ano que vem”, acrescentou.
O projeto de lei deve viabilizar o leilão do petróleo excedente da área da cessão onerosa, cujo contrato original foi assinado com a Petrobras. Além de permitir uma prevista renegociação de contrato entre Petrobras e União, o projeto de lei prevê autorizar a estatal a vender até 70% dos direitos de exploração da empresa na área da cessão onerosa.
A Petrobras tem, pelo contrato original, direito de explorar até 5 bilhões de barris de óleo equivalente na área do pré-sal. Mas a região tem muito mais do que este volume. Com a possível venda do excedente para petroleiras em um leilão, a expectativa é de que a União possa arrecadar até 130 bilhões de reais.