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Está na hora da Petrobras reajustar preços do combustível?

Considerado um dos maiores especialistas do país na área, Adriano Pires refuta teoria de objetivo eleitoral da estatal e acredita que alta seria prematura

Por Luisa Purchio Atualizado em 11 out 2022, 21h14 - Publicado em 11 out 2022, 16h27

Na última semana, ganha força a especulação sobre uma pressão que o governo de Jair Bolsonaro (PL) estaria exercendo sobre a Petrobras para que a estatal não repasse para o Brasil as altas do petróleo do mercado internacional, devido às eleições presidenciais de segundo turno contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao não repassar as altas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo é afetado negativamente, conforme foi divulgado nesta terça-feira, 11, e o consumidor brasileiro sente um alívio no bolso.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma das principais autoridades do país em petróleo, que foi convidado para assumir a presidência da Petrobras e recentemente criticou a lentidão da empresa no repasse de preços das refinarias, acredita que ainda é cedo para o repasse diante da volatilidade da commodity no mercado global. “Por enquanto é prematuro falar que a empresa não está subindo o preço por questão de eleição. Nos últimos meses, o petróleo vinha numa trajetória de queda e isso permitiu que ela fizesse reajustes”, diz. “Se nas próximas semanas esse petróleo continuar subindo e chegar a 100 dólares o barril, aí sim a Petrobras não terá como fugir e terá de aumentar o preço”, diz ele.

Após semanas sucessivas de alta, nesta terça-feira, 11, o barril do tipo Brent caía no mercado internacional e estava cotado a 94 dólares, por volta das 16h no horário de Brasília. A queda ocorre após sucessivas altas ocorridas desde o dia 29 de setembro. Ainda assim, desde o dia 1º de setembro, quando a petrolífera anunciou o seu último reajuste, a alta do barril foi de 4,14%.

Em nota, a Petrobras afirma que “segue monitorando continuamente o mercado e os movimentos nas cotações de mercado do petróleo e dos derivados, que atualmente experimenta alta volatilidade, como resultado de pressões em sentidos opostos: o recente posicionamento da Opep reduzindo a oferta e os riscos de recessão global restringindo a demanda”. E diz ainda que “sobre as estimativas que circulam nas notícias, é importante lembrar que não existe uma referência única e percebida da mesma maneira por todos os agentes, sejam eles refinadores ou importadores. Para demonstração, basta observar que duas renomadas agências de informação, Argus e Platts, publicam referências de preços para o Brasil com diferenças significativas entre elas”.

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Conflito geopolítico

A recente volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional é consequência do “braço de força” entre os Estados Unidos e a Rússia, integrante da Opep+. Por um lado, os Estados Unidos estão puxando o preço do petróleo para baixo ao desestimular o consumo do país por meio da decisão do Federal Reserve Bank de subir os juros. E, por outro, a Opep+ anunciou recentemente um corte na produção de petróleo de 2 milhões de barris ao dia, o que impulsionou o valor para cima.

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