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‘Estados Unidos são insubstituíveis’, diz associação de produtores de suco de laranja

CitrusBR afirma que não é possível direcionar exportações americanas para outro país, caso a sobretaxa de 50% realmente entre em vigor

Por Ana Paula Ribeiro Atualizado em 11 jul 2025, 20h17 - Publicado em 11 jul 2025, 17h53

Menos de 48 horas após o anúncio da tarifa de 50% sobre as exportações brasileira, que será aplicada pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, os produtores de suco de laranja estão apreensivos e cheios de incerteza sobre como ficará a relação com o seu principal comprador. A única certeza da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) é que não há como a produção destinada aos Estados Unidos ser absorvida por outro país.

“Estamos deixando muito claro a nossa posição. O mercado americano é insubstituível. Por mais que o Brasil possa mitigar essa tarifa com outras aberturas de mercado, é preciso que esses mercados tenham linha de envase, distribuição”, diz Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.

Essa falta de expectativa está atrelada ao processo de exportação do suco de laranja. A laranja, após a colheita, é destinada às fábricas, que fazem o processamento. O suco então é transportado em caminhões-tanque até o Porto de Santos e, de lá, sai em navios específicos para cítricos. Quando chega no destino, a mesma infraestrutura precisa estar disponível, além da presença de fábricas que façam o envaze na localidade.

A laranja é uma cultura perene, ou seja, há colheita o ano todo. A safra 2024/2025 (julho de 2024 até junho de 2025) rendeu 315 465 toneladas exportadas para o mercado americano, uma leve queda de 3%. Em faturamento, o salto foi de 63,8%, para 1,31 bilhão de dólares. O país foi destino de 41,7% das exportações e por isso a Citrus BR não vê como esse volume possa ser absorvido por outro país. Ao mesmo tempo, a tarifa de 50% anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, inviabilizaria os negócios naquele país.

A dimensão dos Estados Unidos como destino das exportações fez o setor se mexer. Netto afirma que já houve conversas com o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e com o secretário de Relações Internacionais da pasta, Luis Renato de Alcantara Rua.

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“É preciso sangue frio. Vamos respirar e negociar. A gente não tem dúvida que o Brasil tem capacidade de negociação com o mercado americano. Se tiver boas propostas, tem tudo para ter uma relação até melhor. Precisa encontrar o jeito de negociar”, afirma o diretor da CitrusBR.

A interlocução tem sido feita com o Ministério da Agricultura. Netto lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já anunciou a criação de um comitê com os setores mais afetados e que espera que a CitrusBR seja chamada.

A indefinição provocada pelas tarifas deixa os produtores em compasso de espera. Segundo o dirigente da CitrusBR, a medida chegou no “pior momento”. Isso porque a safra está no início da colheita. Netto destaca que já há “paralisia” que impede o fechamento de novos contratos, mas afirma que não é uma suspensão, só uma maior lentidão enquanto todos os lados tentam entender quais serão as consequências.

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“Em um momento como esse, fica todo mundo receoso de sair comprando. O mercado fica mais lento”, explica.

O dirigente da CitrusBR conta que há dois riscos. O primeiro é o produtor esperar muito e perder o tempo da colheita. O outro é a fábrica comprar, e depois o preço cair muito porque se chegou a um acordo.

O preço de referência para o suco de laranja é o contrato negociado em Nova York, que saiu de 247 dólares no dia 8 de julho, véspera do anúncio de Trump, para 283 dólares, quase 15% em dois pregões. A cotação, no entanto, está bem inferior ao praticado um ano antes, quando estava em torno de 450 dólares.

A próxima safra promete ser colhida sob um clima de tensão devido às incertezas do rumo das negociações entre Brasília e Washington.

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