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Etanol deve puxar inflação para o centro da meta

Efeitos do aumento de preço do petróleo e da escalada do dólar tendem a ser mitigados pela produção alcooleira

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 13 Maio 2018, 11h29 - Publicado em 13 Maio 2018, 10h55

O início da safra de cana tem derrubado os preços de etanol, o que pode limitar, em conjunto com a forte ociosidade, o impacto da alta recente do dólar e do petróleo sobre o custo dos combustíveis para o consumidor, avaliam os economistas consultados pelo Estadão/Broadcast. Desse modo, apesar da disparada da moeda americana e da tendência de aumento da commodity, os especialistas afirmam que as projeções para a inflação oficial deste ano devem continuar bem abaixo do centro da meta de 4,5%.

As cotações do petróleo, que vem subindo mais intensamente nas últimas semanas, e a escalada do dólar já pressionaram de forma contundente o atacado, como mostra o aumento dos combustíveis e lubrificantes para a produção (0,62% para 8,56%) no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de abril.

No varejo, a gasolina também já esboçou avanço, como visto, por exemplo, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril – reverteu a queda de 0,19% em março e já subiu 0,26%. Já o etanol caiu 2,73%, depois de alta 0,59%.

Segundo os economistas, o etanol anidro pode mitigar o impacto do avanço da gasolina por dois caminhos. Primeiro, porque funciona como substituto em alguns veículos e também porque faz parte, com 27%, da composição da gasolina ofertada nos postos.

A tendência é de que os preços do etanol caiam ainda mais nos próximos meses, refletindo a colheita de cana-de-açúcar, o que tende a limitar os efeitos de elevação da gasolina no varejo sobre a inflação, avalia o economista Fábio Romão, da LCA Consultores. “Não anula, mas deve mitigar o impacto de alta do combustível”, diz.

Segundo o economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano, a queda do etanol anidro deve se estender até junho, e depois deve ter um período de estabilidade até setembro, o que tende a mitigar o aumento dos preços da gasolina para o consumidor. Além disso, ressalta, apesar do aumento do custo da gasolina nas refinarias, as distribuidoras têm reduzido suas margens, porque não conseguem repassar o reajuste completamente para as bombas devido à demanda contida. Por enquanto, Serrano vai manter a elevação prevista para a gasolina neste ano, de 7,0% (ante 10,32% em 2017). Para o IPCA, a estimativa é de 3,70%.

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