Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

EUA: a diferença entre recessão econômica e recessão técnica 

Apesar da retração do PIB, o consumo das famílias ainda continua em alta, movimentando grande parte da economia

Por Renan Monteiro Atualizado em 29 jul 2022, 00h14 - Publicado em 28 jul 2022, 14h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Uma queda de dois trimestres consecutivos no PIB da maior economia do mundo gera uma alerta global e põe os Estados Unidos no quadro de recessão técnica. Como prenúncio de uma estagnação econômica maior, a classificação vem em um cenário de inflação recorde de 9,1% no acúmulo de 12 meses e com o quarto aumento consecutivo na taxa de juros para reduzir esse nível inflacionário. Embora o cenário seja fortemente desafiador para a economia americana, especialistas ouvidos por VEJA explicam que ainda é cedo para falar de recessão econômica (de fato) por lá. 

     

    Fatores como consumo das famílias, gastos do governo, investimento privado e exportações compõem o cálculo final do Produto Interno Bruto (PIB). E, diferentemente da recessão técnica, que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de baixa do PIB, a recessão econômica sugere um período de perda prolongada desses fatores. O agravante desse último quadro, por sua vez, seria uma depressão econômica, com anos de queda na atividade econômica. Vale salientar que, embora o conceito geral adotado para definir recessões em países seja dois declínios trimestrais consecutivos no PIB, existe uma forma diferente nos EUA. A determinação oficial dos fins e inícios dos ciclos no país é feita por um grupo de acadêmicos do National Bureau of Economic Research, um órgão oficial de pesquisas.

    Os dados divulgados nesta quinta-feira, 28, demonstram a contração dos gastos dos governos, seja no nível federal, estadual ou local; também apontam para o recuo nos investimentos privados em estoque e em investimentos fixos residenciais e não residenciais. É esse o combo de retração que explica a queda no PIB dos EUA no último trimestre. 

    Em contrapartida, o consumo das famílias ainda continua em alta, com aumento de 1% na base anual, sendo responsável por movimentar grande parte da economia, e fazer com ela continue dinâmica. Além disso, o país está com um mercado de trabalho superaquecido, na histórica taxa de 3,6% em desemprego, isto é, operando no patamar de pleno emprego. “Houve um aquecimento da demanda da população norte-americana, que teve a sua renda incrementada pelas políticas do governo para compensar os efeitos negativos da pandemia, e houve um aquecimento da demanda por produtos industrializados e da inflação de serviços, que está entre de 5% e 6%, distante também da meta de 2%”, avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. Esses indicadores internos são somados aos fatores globais, especialmente à inflação dos combustíveis no contexto da guerra na Ucrânia. 

    Embora seja cedo para falar em recessão de fato nos Estados Unidos, pode-se seguramente falar de desequilíbrio na economia local. O quarto aumento de juros para reduzir a escalada geral de preços está na linha tênue entre atingir o objetivo esperado de diminuir o ritmo de alta de preços, desacelerando a economia, sem, contudo, implicar em um movimento de queda acentuada da economia. A economista e professora da FGV, Carla Beni, menciona um forte impacto dos sucessivos aumentos de juros no consumo das famílias, considerando o intervalo de tempo para impacto máximo da ação, média de 3 trimestres, após a decisão do Banco Central. “O crédito fica encarecido e a sociedade americana é fortemente endividada. Então, o volume de crédito em relação ao PIB é muito elevado”, descata.

    Além da redução do consumo, um outro ponto de destaque é a queda no financiamento imobiliário. Com os custos mais altos, já como efeito da política de aumento de juros, muitos compradores desistiram dos negócios. A queda na construção de casas, o investimento fixo residencial, foi de 14% na taxa anual, conforme os dados de hoje, 28. Assim como o consumo das famílias, o setor imobiliário é um indexador de alto impacto ao PIB americano. É em função desses fatores que a política monetária do BC americano precisa atuar sempre considerando a margem do equilíbrio ao buscar reduzir a escalada de preços desacelerando a economia. Confiando na política monetária do Federal Reserve, o presidente Joe Biden vem sendo enfático em negar prontamente uma recessão econômica no país. “A economia vive de expectivas. Se os agente econômicos – famílias, empresas, setor financeiro – acreditarem que há uma recessão, ela acaba se configurando”, menciona a economista Carla Beni.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.