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Até publicação de atos, não haverá sobretaxação do aço, diz ministro

Os EUA decidiram em março aplicar uma sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre o alumínio

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 2 Maio 2018, 19h41 - Publicado em 2 Maio 2018, 13h26

Ao contrário do que foi dito mais cedo, não está definido que o Brasil pagará sobretaxa aplicada pelos Estados Unidos na importação de aço e alumínio. Em março, os Estados Unidos anunciaram que iriam aplicar uma sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre o alumínio.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, disse nesta quarta-feira, 2, que o governo federal não acredita que a sobretaxa entrará em vigor antes da publicação de atos relativos a essa medida por parte do governo americano. Para o ministro, ficou entendido que a suspensão da sobretaxa será prorrogada por mais dias.

O Brasil vem tentando acordo com o governo americano para evitar as sobretaxas aos produtos do país. O principal argumento era de que 80% do aço exportado para os EUA é semiacabado, ou seja, insumo para a indústria local. Com o fim das negociações, restaram ao Brasil apenas duas opções: sobretaxa ou cota.

“Diante da decisão anunciada pelos EUA, os representantes do setor de alumínio indicaram que a alternativa menos prejudicial a seus interesses seria suportar as sobretaxas de 10% inicialmente previstas. Já os representantes do setor do aço indicaram que a imposição de cotas seria menos restritiva em relação à tarifa de 25%”, informa nota assinada pelos ministros da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira.

Depois, o ministro disse que “a primeira suspensão de 30 dias está expirando e estamos esperando que eles possam fazer uma prorrogação até que eles façam publicação definitiva da decisão americana. Até que isso ocorra, o que nós temos entendido é que não haverá sobretaxação”.

O ministro disse que o governo está conversando com a iniciativa privada para determinar qual deve ser a postura do governo brasileiro diante das medidas adotadas pelos Estados Unidos, mas afirmou que a ideia é garantir que a sobretaxa não diminua o volume de exportações feitas para os norte-americanos.

Ele evitou responder se o governo irá aceitar a aplicação de cotas contra o aço e o alumínio brasileiros. “Agora nós estaremos aguardando a publicação para, a partir da decisão unilateral dos EUA, é bom deixar isso muito claro, nós decidirmos qual encaminhamento vamos adotar”, repetiu.

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O diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, disse que ainda não é possível verificar aumento da demanda por produtos brasileiros no exterior em função de eventuais retaliações aos Estados Unidos“O que se pode dizer é que esse tipo de medida sempre é prejudicial ao comércio internacional como um todo”, repetiu Brandão.

Veja abaixo a íntegra da nota:

“Nota à imprensa dos ministros da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e das Relações Exteriores – restrições americanas às exportações de aço e alumínio

No dia 30 de abril, o governo dos Estados Unidos informou ter chegado a acordo preliminar no que diz respeito às restrições às importações de aço e alumínio provenientes do Brasil.

2. Desde o início das investigações do Departamento de Comércio dos EUA, no primeiro semestre de 2017, o governo brasileiro, em coordenação com o setor produtivo nacional, buscou evitar a aplicação das medidas restritivas às exportações do Brasil. Além do permanente trabalho realizado pela embaixada em Washington, houve envolvimento de diversas outras autoridades brasileiras, inclusive dos ministros Aloysio Nunes Ferreira e Marcos Jorge. Foram realizadas sucessivas reuniões e gestões com representantes americanos do Executivo, do Congresso e do setor privado. Esse processo teve como consequência a inclusão do Brasil, em 23 de março, no grupo dos países em relação aos quais foi suspenso, provisoriamente, o início da aplicação de sobretaxas de 25% às importações de aço e de 10% às importações de alumínio, para dar espaço a negociações que resultassem em exclusão global das medidas para os produtos brasileiros.

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3. Em todas as ocasiões, esclareceu-se ao governo americano e a outros atores relevantes naquele país que os produtos do Brasil não causam ameaça à segurança nacional dos EUA. Ao contrário, as indústrias de ambos os países são integradas e se complementam. Cerca de 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, utilizados como insumo pela indústria siderúrgica americana.

4. As empresas brasileiras vêm fazendo grandes investimentos nos EUA e já são responsáveis por parcela relevante da produção e dos empregos no setor siderúrgico americano. Ao mesmo tempo, o Brasil é o maior importador de carvão siderúrgico dos Estados Unidos (cerca de 1 bilhão de dólares, em 2017), principalmente destinado à produção brasileira de aço exportado àquele país.

5. Indicou-se que, no caso do alumínio, as exportações brasileiras são muito reduzidas. E foi salientado que, nos últimos anos, os EUA vêm obtendo superávit no comércio de alumínio com o Brasil. Além disso, recordou-se que as indústrias nos dois países são complementares, uma vez que o Brasil fornece matéria-prima para os EUA nesse setor.

6. Foi explicado, também, que, dadas as características de integração vertical da produção brasileira, os custos logísticos e as medidas de defesa comercial adotadas pelo Brasil, não há risco de que o país sirva como plataforma de “triangulação” de produtos de aço e de alumínio de outros países para o mercado americano.

7. Em termos gerais, argumentou-se que eventuais medidas restringiriam as condições de acesso ao mercado dos Estados Unidos e causariam prejuízos às exportações brasileiras de alumínio e aço, com impacto negativo nos fluxos bilaterais de comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos em cerca de 250 bilhões de dólares nos últimos dez anos.

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8. No entanto, no dia 26 de abril, as autoridades americanas informaram decisão de interromper o processo negociador e de aplicar, imediatamente em relação ao Brasil, as sobretaxas que estavam temporariamente suspensas ou, de forma alternativa e sem possibilidade de negociação adicional, quotas restritivas unilaterais.

9. Diante da decisão anunciada pelos EUA, os representantes do setor de alumínio indicaram que a alternativa menos prejudicial a seus interesses seria suportar as sobretaxas de 10% inicialmente previstas. Já os representantes do setor do aço indicaram que a imposição de quotas seria menos restritiva em relação à tarifa de 25%.

10. Cabe ressaltar que quaisquer medidas restritivas que venham a ser adotadas serão de responsabilidade exclusiva do governo dos EUA. Não houve nem haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiros no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras.

11. O governo brasileiro lamenta que o processo negociador tenha sido interrompido e reitera seguir aberto a construir soluções razoáveis para ambas as partes. Ademais, reitera sua convicção de que eventuais medidas restritivas não seriam necessárias e não se justificariam sob nenhuma ótica. Está convencido, ademais, de que, além do impacto negativo sobre as exportações brasileiras e sobre o comércio bilateral, seriam prejudiciais à integração dos setores produtivos dos dois países e a setores da economia dos EUA que utilizam insumos de qualidade provenientes do Brasil.

12. O governo brasileiro mantém a expectativa de que os EUA não prossigam com a aplicação de restrições, preservando os fluxos atuais do comércio bilateral nos setores de aço e alumínio. Em todo caso, seguirá disposto a adotar, nos âmbitos bilateral e multilateral, todas as ações necessárias para preservar seus direitos e interesses.

Ministro Marcos Jorge e ministro Aloysio Nunes Ferreira”

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