Ex-sócios do BTG Pactual, Marcelo Kalim, Carlos Fonseca e Leandro Torres, devem dar início nos próximos meses às operações do banco digital C6Bank. A instituição financeira, fundada por eles em março, já tem 150 funcionários. Em abril, recebeu autorização do Banco Central para dar início ao projeto e agora aguarda aprovação de seu plano de negócios e de licença operacional para começar a funcionar.
Em um mercado fortemente concentrado, o futuro banco digital quer atrair correntistas tradicionais. Para isso, terá praticamente os mesmos serviços oferecidos pelos grandes bancos em plataforma virtual, com alguns diferenciais em investimentos. A ausência de agências físicas tende a tornar as tarifas de serviços mais baratas. Outras instituições, como os bancos Inter e Neon, além do Next, do Bradesco, já disputam esses clientes.
Conta-corrente e conta-salário, CDB, cheque especial e cartão de crédito estarão na carteira do C6Bank para seus os clientes. A exceção fica por conta da poupança. A bandeira Mastercard será parceira do banco.
Quando obtiverem a licença para iniciar as operações, os sócios do banco vão fazer um aporte inicial de 250 milhões de reais e dobrarão o valor ao longo do ano que vem, de acordo com fontes a par do assunto. A instituição já conta com 20 sócios.
O banco também atenderá pessoas jurídicas — a expectativa é conceder crédito a empresas com faturamento de cerca de 100 milhões de reais. “No médio e longo prazos, fintechs e bancos digitais terão papel importante no sistema financeiro, que é muito concentrado”, disse Rafael Schiozer, professor da Fundação Getúlio Vargas Eaesp.
Criado em março deste ano, o C6 ocupa um prédio inteiro na avenida 9 de Julho, na região dos Jardins, na capital paulista, que está em fase final de acabamento. A expectativa é encerrar o ano com 200 pessoas. Até 2019, o banco terá 400 funcionários.
No prédio de oito andares, o C6Bank vai abrigar no seu primeiro piso um espaço para coworking. A ideia é atrair startups voltadas para tecnologia, parte delas em operações financeiras. O banco deverá ser mentor de parte dessas startups, incluindo aporte de capital em casos mais interessantes.
Casa antiga
Kalim, que ainda é presidente do conselho de administração do BTG, fundado pelo banqueiro André Esteves, negocia sua saída do cargo e do banco, mas isso pode levar alguns meses. O executivo fez parte do chamado Top Seven Partners, ou G7, do BTG, que coordenou a crise do banco após a prisão de Esteves, em novembro de 2015. Persio Arida e James Oliveira, que eram sócios importantes do banco, saíram em 2017. Esteves já está no dia a dia do banco desde o ano passado, mas ainda não exerce um cargo executivo oficialmente.