As exportações brasileiras de carne bovina “in natura” aos Estados Unidos passaram de 19 milhões de dólares em maio para 10,4 milhões de dólares em junho, queda de cerca de 45%, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.
Os EUA suspenderam os embarques do produto brasileiro no dia 22 de junho, alegando problemas sanitários.
Para o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação, Herlon Brandão, no entanto, a suspensão da compra deverá ter impacto mínimo nas exportações brasileiras.
Segundo ele, o país é um pequeno mercado consumidor de carne “in natura”, e a liderança brasileira no mercado global do produto não deve ser ameaçada num cenário de oferta restrita em todo o planeta. O Brasil é o maior exportador global de carne bovina.
Os negócios do produto “in natura” com os EUA só começaram no segundo semestre do ano passado e ainda representam um percentual pequeno em relação ao total que o Brasil exporta —2%, de acordo com Brandão.
Tradicionalmente, o país vende carne industrializada para o mercado norte-americano, cujas exportações não foram afetadas.
“O Brasil é o maior exportador mundial e existe oferta restrita no mundo. A carne brasileira é aceita em mais de 160 países. A suspensão vai afetar vendas pontualmente para os Estados Unidos, que apenas este ano começaram a importar carne ‘in natura’ do país, mas deve ter um impacto limitado no mercado como um todo”, disse Brandão.
De janeiro a junho, o Brasil já embarcou 14 mil toneladas de carne fresca para os Estados Unidos, que totalizaram 59 milhões de dólares. No ano passado, o país tinha vendido apenas 121 mil dólares de carne “in natura” para os consumidores norte-americanos.
Brandão destacou que uma missão do governo brasileiro irá aos Estados Unidos neste mês para negociar o fim do embargo. “Eu não tenho detalhes, mas isso vai ser negociado”, afirmou ele a jornalistas.
Já as exportações totais de carne bovina “in natura” pelo Brasil cresceram em volumes e valores em junho deste ano na comparação com maio e em relação ao mesmo mês do ano passado.
Ao todo, o Brasil exportou para todos países em junho o equivalente a 422,3 milhões de dólares de carne “in natura”, ante 382,8 milhões de dólares em maio e 379,6 milhões em junho de 2016, segundo a Secex.
Primeiro semestre
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 3,1 milhões de toneladas de carnes frescas e industrializadas que renderam 6,9 bilhões de dólares. O valor exportado subiu 4,3% em relação aos 6,6 bilhões de dólares registrados no mesmo período do ano passado. A quantidade, no entanto, caiu 6,5% na comparação com os 3,3 milhões de toneladas vendidas nos seis primeiros meses de 2016.
Em relação às carnes “in natura”, as exportações da suína saltaram 29% no primeiro semestre. As vendas de frango subiram 7,3%, mas as de carne bovina caíram 2%. Segundo Brandão, esse recuo deve-se ao Egito, terceiro maior comprador de carne bovina brasileira, que enfrenta uma crise cambial e está importando menos do resto do mundo.
“A situação da carne bovina ‘in natura’ está atrelada ao Egito, que era o terceiro maior destino no ano passado. Por causa de restrições cambiais, a venda de carnes bovinas para lá caiu 56,8% no primeiro semestre”, explicou o diretor do ministério.
(Com Reuters e Agência Brasil)