‘Fazer a transição energética é caro, mas não fazer é mais ainda’, diz diretora do BNDES
Fórum de VEJA NEGÓCIOS debate desafios e oportunidades da transição energética no país
A mobilização de capital para a transição energética é urgente para que o Brasil consiga aproveitar a janela de oportunidade que o país tem para se transformar em uma potência verde global. “A transição verde é intensiva em capital e grande parte do capital está no setor privado. A existência de multilaterais e bancos de fomento não exclui a necessidade de mobilizar o capital privado”, diz Luciana Costa, diretora de Transição Energética do BNDES, no primeiro painel do fórum VEJA NEGÓCIOS Oportunidades do Brasil na Transição para a Energia Verde.
Autoridades e representantes de setores produtores e consumidores de energia estão reunidos nesta segunda-feira, 21, no evento que inaugura o novo espaço da Casa Fasano, na capital paulista.
“Fazer a transição energética é caro, mas não fazer é mais ainda”, diz a diretora do BNDES. Potencialmente inflacionária, por causa do alto volume de investimentos necessários, a transformação energética exige do país um esforço conjunto do poder público e privado. Trabalhando em parceria com o BNDES, o Banco do Nordeste tem feito esse papel em projetos no NE. “É preciso buscar parcerias, ajudar os bancos de desenvolvimento a terem mais recursos porque facilita a atração do investimento privado”, diz Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste. Segundo o executivo, apenas os seis maiores projetos de hidrogênio verde em andamento na região do Nordeste representam 30 bilhões de dólares em recursos.
Ainda nesse sentido, iniciativas como o Programa Eco Invest Brasil – Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial têm facilitado a atração de investimentos privados estrangeiros essenciais para a transformação ecológica do país.
“Neste momento, temos urgência de mobilização de capital. Não é colocar o capital público a serviço do privado, é mobilizar todos os capitais a serviço de um propósito”, diz José Pugas, sócio da gestora Régia Capital, durante o painel. O executivo disse que o Eco Invest multiplicou o capital numa escala de 1 para 6. “A cada real posto, a gente teve resposta de 6 reais trazidos pelo mercado de capital”, disse Pugas.
Além da mobilização de capital unindo setores público e privado, o país tem um desafio regulatório importante para avançar na transição energética, segundo os participantes do painel. É preciso regular o mercado de carbono, o que o Brasil tenta fazer há mais de um ano. “O sinal negativo que eu vejo é o país não caminhar na velocidade necessária para o mercado regulado de carbono”, disse Pugas.