ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Fed mantém postura de ‘esperar para ver’ e alerta para aumento dos riscos

Em ata divulgada nesta quarta, o banco central americano reafirmou o compromisso com a inflação e destacou maior incerteza no cenário econômico

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 Maio 2025, 15h43

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (banco central americano, Fed) confirmou em sua ata, divugada nesta quarta-feira,, 28, o que os mercados já intuíram: o banco central não está com pressa. Nem para cortar os juros e nem para aumentá-los. E, sobretudo, nem para oferecer qualquer indicação clara sobre quando fará uma coisa ou outra.

Com a taxa básica de juros mantida entre 4,25% e 4,5%, os formuladores de política monetária optaram por uma postura de vigilância estratégica, reconhecendo que “os riscos de maior desemprego e maior inflação aumentaram”. O Fed encontra-se num dilema clássico: a inflação permanece resiliente – “um pouco elevada”, segundo as prórprias palavras dos membros do Comitê -, enquanto as engrenagens do crescimento econômico mostram sinais de fadiga. “Os membros avaliaram que a incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou ainda mais e concordaram que estavam atentos aos riscos para ambos os lados do mandato duplo do Comitê”, diz a ata. O Fed enfrenta o desafio de equilibrar seu duplo mandato: garantir o máximo emprego e manter a inflação perto da meta de 2%. Embora os juros elevados tenham como objetivo conter a alta dos preços, eles ainda não conseguiram frear a inflação na velocidade desejada e, ao mesmo tempo, começam a ameaçar a estabilidade econômica.

Segundo a ata do Fed, ainda que os dados brutos pareçam robustos – o PIB se expande a um ritmo sólido e o desemprego segue em níveis historicamente baixos -, os fundamentos escondem distorções que incomodam os economistas do Fed. O crescimento observado no primeiro trimestre foi inflado por um fator atípico: importadores americanos anteciparam compras externas temendo novos aumentos tarifários. O Comitê reconheceu que “movimentos incomuns nas exportações líquidas afetaram os dados”, mascarando a verdadeira força da demanda interna.

Há, no entanto, um elemento que permanece sagrado: a meta de inflação de 2% ao ano. A ata reitera que esse número não é apenas um objetivo, mas uma âncora institucional fundamental. “Os participantes reafirmaram veementemente seu compromisso com a meta de inflação de 2% a longo prazo” e com a necessidade de manter as expectativas firmemente ancoradas. Essa âncora é, nas palavras do próprio Fed, o que permite “aumentar a capacidade do Comitê de promover o emprego máximo”.

Esse equilíbrio delicado exige mais do que vigilância, exige tato. A inflação já não é o inimigo incontrolável de 2022, mas continua a resistir à trajetória de queda desejada. E o mercado de trabalho, embora ainda robusto, pode se mostrar menos elástico do que aparenta: qualquer aperto monetário adicional pode acionar uma onda de demissões em setores mais sensíveis ao crédito. O Fed está consciente desse risco. A ata deixa claro que os próximos passos dependerão “cuidadosamente dos dados recebidos, da evolução das perspectivas e do balanço de riscos”.

No fundo, o documento revela um banco central à espera, desconfortavelmente imobilizado entre duas ameaças. Reduzir os juros agora pode reacender as pressões inflacionárias. Elevá-los, por outro lado, arrisca provocar uma desaceleração mais severa da economia. Permanecer imóvel é, por ora, o caminho de menor erro, mas também o mais incômodo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.