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Fed pisa no freio: por que o mercado de trabalho pesou mais que a inflação na decisão do banco dos EUA

Corte de 0,25 ponto reflete preocupação com desemprego e desaceleração da economia, enquanto inflação segue sob vigilância

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 set 2025, 11h13 - Publicado em 17 set 2025, 16h43

Depois de nove meses de pausa, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), voltou a cortar juros, reduzindo a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4% e 4,25%. A medida foi cuidadosamente calibrada diante de uma economia que dá sinais crescentes de desgaste: inflação ainda resistente, mas em patamares gerenciáveis, e um mercado de trabalho que perde vigor.

Em entrevista à imprensa, Jerome Powell, presidente do Fed, foi explícito sobre o dilema que guiou a decisão. “O equilíbrio mudou: os riscos de baixa para o emprego aumentaram, enquanto os riscos inflacionários permanecem administráveis”, afirmou. Embora a inflação tenha voltado a subir, Powell atribuiu o repique recente às tarifas impostas pelo governo, classificando o impacto como possivelmente temporário. “Nossa obrigação é garantir que um aumento pontual nos preços não se torne um problema inflacionário contínuo.”

O enfraquecimento do emprego foi central no diagnóstico do Fed. A criação líquida de vagas caiu para apenas 29 mil por mês nos últimos três meses, ritmo considerado insuficiente para manter a taxa de desemprego estável. Com isso, a taxa de desemprego do país subiu para 4,3%.

Para Roberto Simioni, da Blue3 Investimentos, a decisão também deve ser lida sob a ótica da política monetária preemptiva. “O Fed reduziu os juros como forma de mitigar choques adversos antes que eles se materializem plenamente”, disse. A estratégia remete ao pragmatismo do ex-presidente do Fed, Ben Bernanke, para quem a política monetária deve atuar de forma preventiva diante de riscos crescentes.

Se a decisão em si era amplamente esperada, as divisões internas do colegiado chamaram atenção. Stephen Miran, novo membro do FOMC e indicado pelo presidente Donald Trump, votou por cortes mais agressivos, de 0,5 ponto percentual. Embora isolada, sua posição levantou temores sobre a crescente influência política na condução da política monetária, especialmente porque, em seis meses, o comitê passará por uma renovação significativa com novos indicados do republicano. Economistas veem nessa dissidência um sinal de fragilidade institucional. “O voto de Miran amplia os receios sobre a interferência direta da Casa Branca na autonomia do Fed”, avalia Étore Sanchez, da Ativa Investimentos.

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O chamado dot plot, o gráfico que resume as projeções dos dirigentes do Fed, mostrou que a mediana aponta para a taxa de fundos federais em 3,6% ao final de 2025, recuando a 3,4% em 2026 e a 3,1% em 2027. A leitura sugere pelo menos mais dois cortes até dezembro. A decisão, considerada mais cautelosa do que o mercado antecipava, teve efeito moderado nos ativos: o dólar subiu levemente frente a outras moedas, o real sofreu pressão e os juros futuros nos EUA e no Brasil devolveram parte das quedas do início do dia.

.Ao fim, o corte de 0,25 ponto não altera substancialmente o nível de restrição monetária, mas envia dois recados claros: o Fed está disposto a suavizar a queda do mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, não abrir mão do compromisso de ancorar expectativas de inflação em 2%. O desafio é manter essa linha em meio à pressão política e à incerteza fiscal do governo Trump, cujas tarifas vêm alimentando tanto a inflação quanto a desconfiança nos mercados globais.

Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado:

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