Fernández diz que Argentina não solicitará novos empréstimos ao FMI
"Tenho um problemão e vou pedir mais dinheiro?", questionou o presidente eleito do país em entrevista
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, anunciou, nesta terça-feira 26, que não solicitará ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma parcela pendente de 11 bilhões de dólares do empréstimo de 57 bilhões de dólares concedido pela organização ao país em 2018.
“Tenho um problemão e vou pedir mais dinheiro?”, questionou Fernández em uma entrevista. “Se você tem um problema porque está muito endividado, acredito que a solução não é continuar se endividando”, acrescentou.
Fernández já havia confirmado na semana passada, em uma conversa por telefone com diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, que está disposto a cumprir com os compromissos assumidos com o FMI, mas afirmou que não aceitará mais ajuste fiscal e que sua intenção é renegociar as metas do acordo.
“Eu não quero assinar acordos que não vamos cumprir. Esses acordos foram assinados por Mauricio Macri. Ele assinou um, dois, três, e não cumpriu nenhum”, declarou Fernández nesta terça-feira.
A economia argentina atravessa 20 meses de recessão, e Macri teve que anunciar uma renegociação de títulos de dívida no meio do ano. Segundo o FMI, a atividade econômica cairá 3,1% este ano.
“É como um cara que bebeu muito e está um pouco bêbado. A solução não é continuar bebendo. A solução é parar de beber”, disse o novo presidente.
A dívida cresceu cerca de 100 bilhões de dólares no governo liberal de Macri e agora ultrapassa 90% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com organizações internacionais.
Quando assumiu em 2015, o endividamento era de 38% do PIB. “Eu tento ser uma pessoa séria”, disse Fernández. “Não quero assinar acordos que não vamos cumprir. Esses acordos já foram assinados por Macri. Ele assinou um, dois, três e não cumpriu nenhum”, acrescentou.
(Com Estadão Conteúdo e AFP)