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Fim da era do dólar? Mercado começa a apontar os limites da moeda americana

O Goldman Sachs projeta que o dólar cairá para US$ 1,20 por euro e 135 ienes por dólar em até um ano

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 abr 2025, 16h11

Os Estados Unidos respondem hoje por cerca de 25% do PIB mundial  e o dólar continua sendo o centro de gravidade das finanças internacionais. Segundo o FMI, mais da metade das reservas cambiais dos bancos centrais ainda está em dólar: 57%. No comércio global, a moeda também reina: 54% das exportações no mundo são faturadas em dólares, de acordo com o Atlantic Council.

O domínio é ainda maior nos mercados financeiros. Em torno de 60% dos empréstimos e depósitos internacionais são feitos em dólar, e 70% das emissões de títulos também. No câmbio, o dólar aparece em 88% de todas as transações. E até o dinheiro em espécie reflete esse protagonismo: de todos os dólares em papel que circulam no mundo, cerca da metade está fora dos Estados Unidos, segundo o Fed.

Mesmo assim, analistas começam apontar os sinais de enfraquecimento e desgaste, o que poderia pôr fim à hegemonia das “verdinhas” no mundo.  Reportagem do jornal Financial Times mostra que há esteja perdendo a fé na moeda por conta dos efeitos  previstos pela guerra comercial travada pelo presidente dos Estados Unidos, cujo tarifaço anunciado neste mês atingiu mais de 100 países.

Apesar de Trump ter recuado nas tarifas, o estrago já estava feito”, escreveu George Saravelos, do Deutsche Bank. Para ele, o mercado está repensando o papel do dólar como moeda de reserva global, num movimento que ele define como uma “desdolarização rápida”.

Investidores estrangeiros detêm volumes expressivos de ativos denominados em dólar:  19 trilhões de dólares em ações americanas,  7 trilhões de dólares em títulos do Tesouro dos EUA e  5 trilhões de dólares em papéis corporativos, de acordo com Torsten Sløk, economista-chefe da Apollo. Basta que uma fração desses investidores comece a reduzir suas posições para que a pressão sobre o dólar se intensifique.

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A troca de moeda, no entanto, esbarra na falta de alternativas. O euro depende da coordenação de 20 países; o yuan, apesar da força econômica da China, continua sujeito a controle cambial; franco suíço e iene japonês são moedas consideradas pequenas demais para ocupar o lugar do dólar.

Ainda assim, há apostas de que a moeda americana pode perder força. O Goldman Sachs projeta que o dólar cairá para US$ 1,20 por euro e 135 ienes por dólar em até um ano — uma desvalorização de cerca de 6% em relação aos níveis atuais. Em relatório recente, os analistas da casa apontam que os problemas institucionais nos EUA estão corroendo o chamado “privilégio exorbitante” de seus ativos, o que tende a pressionar a moeda no longo prazo.

Na reportagem do Financial Times, Stephen Jen, da Eurizon SLJ Capital, vai além. Ele calcula que o dólar está hoje 19% acima do seu valor justo frente às moedas principais. Se a economia americana esfriar e o Fed for obrigado a cortar juros de forma agressiva, o movimento de queda pode se acelerar.

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