Fleury: Uma jovem centenária
Prestes a completar a marca histórica dos 100 anos, o grupo concilia aquisições com a entrega de bons resultados
Nos últimos anos, o Grupo Fleury atraiu a atenção pela sua habilidade de conciliar uma forte estratégia de aquisições com a entrega de sólidos resultados financeiros. Esses atributos levaram a companhia a ser apontada como o destaque do setor de saúde da primeira edição do ranking TOP 30 – As Melhores Empresas do Brasil. De 2022 a 2024, período analisado para definir as vencedoras, o grupo de medicina diagnóstica realizou sete negócios, com destaque para a fusão com o Hermes Pardini, especializado na prestação de serviços para outros laboratórios. A união foi anunciada em meados de 2022, mas só começou a ser implementada em 2023, após o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Desde então, o Fleury alcançou novos níveis. A receita líquida consolidada, que era de 4,5 bilhões de reais em 2022, saltou 71% e fechou 2024 em 7,7 bilhões. O Ebitda, indicador de geração de caixa bastante apreciado pelos analistas, dobrou, para um total de 2 bilhões de reais. O mesmo ocorreu com o lucro, que encerrou o ano passado em 616 milhões de reais.
Além disso, ao anunciar a fusão com o Hermes Pardini em 2022, o Fleury informou que espera capturar 200 milhões de reais em sinergias. “Foi um período em que implementamos várias iniciativas para crescer, tanto orgânicas quanto por aquisições”, diz Jeane Tsutsui, a executiva-chefe do Fleury. “Ampliamos nossa abrangência territorial, focamos na satisfação dos clientes e nos mantivemos na vanguarda da pesquisa e da inovação em saúde.”
O Fleury também soube evitar um efeito colateral comum no crescimento via aquisições: a expansão desenfreada das dívidas. Embora a dívida total tenha subido de 1,4 bilhão, em 2022, para 2 bilhões de reais no ano passado, a sua proporção em relação ao Ebitda se manteve ao redor de uma vez. “É um nível de endividamento muito confortável”, afirma Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos. “Isso permite que a companhia siga investindo e realizando aquisições mesmo em um cenário de juros altos.” Neste ano, por exemplo, o grupo acertou a compra da rede mineira de laboratórios Hemolab por 39,5 milhões de reais. Ao mesmo tempo, o Fleury não deixou de investir em novas frentes de negócios, como ortopedia e terapia ocupacional.
Empresas que se encontram numa trajetória de investimentos não costumam distribuir muitos lucros aos acionistas, mas esse não é o caso. “Os dividendos que o Fleury paga são bem interessantes”, diz Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora. A entrega de bons resultados é premiada pelo mercado com uma alta das ações. Enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, sobe cerca de 20% neste ano, os papéis do Fleury rondam os 30% acumulados até 17 de outubro. Fundado em 1926 na cidade de São Paulo pelo médico Gastão Fleury da Silveira, o grupo se prepara para completar 100 anos. “Nos reinventamos ao longo dos anos e olhamos para a frente com a expectativa de ampliar nosso papel na saúde brasileira”, diz Tsutsui. As empresas, como as pessoas, só envelhecem quando param de fazer planos.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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