FMI prevê forte desaceleração no comércio global, com dano maior para emergentes
O crescimento do volume do comércio global de bens e serviços deve desacelerar para 1,7% em 2025, uma revisão negativa de 1,5 ponto percentual

O novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta terça-feira, 22, aponta uma forte revisão para baixo nas previsões de crescimento do comércio mundial em 2025, refletindo o impacto direto das novas tarifas comerciais implementadas desde fevereiro pelo governo Donald Trump, dos Estados Unidos. O crescimento do volume do comércio global de bens e serviços deve desacelerar para 1,7% em 2025, uma revisão negativa de 1,5 ponto percentual em relação à estimativa anterior, que era de 2,5%, com as barreiras tarifárias e a incerteza pesando sobre fluxos comerciais e investimentos.
O cenário traçado pelo FMI destaca que as revisões negativas são amplas e atingem praticamente todas as regiões, com destaque para as economias avançadas e emergentes mais expostas à escalada tarifária entre Estados Unidos, China, Canadá, México e União Europeia. A projeção do crescimento das importações nos países ricos caiu de 2,2% para 1,9%, enquanto nas economias emergentes e em desenvolvimento passou a ser de 2%, contra os 5% que eram projetados no relatório de janeiro. Nas exportações, as economias avançadas terão um crescimento de 1,2%, uma revisão para baixo de 0,9 ponto percentual em relação ao que se previa em janeiro. Já os países emergentes e em desenvolvimento, incluindo o Brasil, terão um crescimento médio de 1,6% nas exportações em 2025, uma queda significativa em comparação com a previsão que se fazia em janeiro, que era de 5%.
O relatório enfatiza que os riscos para o comércio mundial permanecem inclinados para o lado negativo no curto e no médio prazo. O FMI ressalta que o impacto das tarifas é agravado por efeitos indiretos, como deterioração da confiança, adiamento de investimentos e reconfiguração das cadeias globais de valor, além da intensificação das tensões geopolíticas. Entre os principais riscos estão uma possível intensificação das disputas comerciais, o prolongamento da incerteza política e a volatilidade financeira, que podem levar a quedas adicionais no crescimento global, que deve desacelerar de 3,3% em 2024 para 2,8% em 2025, antes de uma recuperação parcial para 3% em 2026.
O FMI recomenda que os países priorizem a cooperação internacional e busquem restaurar um ambiente de previsibilidade nas políticas comerciais, a fim de mitigar os efeitos adversos das restrições e evitar uma fragmentação ainda maior do comércio global.