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FMI prevê PIB do Brasil maior neste ano e desaceleração em 2025

Instituição elevou a projeção de crescimento de 2,1% para 3%. Alta dos juros é um dos fatores limitantes para o próximo ano

Por Luana Zanobia Atualizado em 22 out 2024, 17h29 - Publicado em 22 out 2024, 10h53

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta terça-feira, 22, trouxe uma elevação significativa na projeção de crescimento do Brasil para 2024, de 2,1% para 3%. A projeção do FMI é mais tímida que as estimativas do mercado, de 3,05% (relatório Focus), e as 3,2% da Fazenda e do Banco Central.

O documento surpreendeu ao apontar um dinamismo maior do que o esperado na economia brasileira, impulsionado por um mercado de trabalho aquecido, aumento do consumo privado e investimentos fortes, além de um impacto menor das enchentes que atingiram o Sul do país. No entanto, a instituição alerta que o cenário para 2025 será menos favorável, com uma desaceleração prevista para 2,2%, em meio a uma política monetária ainda restritiva.

O relatório World Economic Outlook (Perspectiva Econômica Global) desempenha um papel central na orientação de políticas econômicas ao redor do mundo. Mais do que meros números, essas projeções oferecem uma leitura crítica do momento econômico global e influenciam diretamente as estratégias adotadas por governos e empresas. A revisão para cima do crescimento brasileiro em 2024 reflete uma economia que, apesar de enfrentar juros elevados, se beneficiou de transferências governamentais e da resiliência do setor produtivo. O consumo e o investimento, ao longo do primeiro semestre, ajudaram a mitigar os efeitos adversos, mas o fundo adverte que o fôlego pode se esgotar.

A elevação da taxa Selic, hoje em 10,75%, é apontada como um dos principais obstáculos para a manutenção de um crescimento robusto. A expectativa de mais aumentos até o fim do ano, possivelmente atingindo 11,75%, reforça o cenário de enfraquecimento para 2025, com o esfriamento do mercado de trabalho e a desaceleração do consumo. A política monetária apertada, combinada com uma retirada gradual dos estímulos fiscais, deve limitar a capacidade de expansão da economia brasileira no próximo ano.

Embora o FMI tenha projetado um crescimento de 3% para 2024, o Ministério da Fazenda ainda vê a economia com um viés um pouco mais otimista. Em setembro, o governo elevou sua projeção para 3,2%. Já para 2025, o Ministério da Fazenda prevê uma expansão de 2,5%, ante uma estimativa de 2% do Banco Central. Essa disparidade reflete a incerteza sobre o impacto total das políticas monetárias e fiscais nos próximos meses.

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Outro ponto de atenção no relatório é a inflação. Para o FMI, o Brasil deve encerrar 2024 com uma taxa média de 4,3%, caindo para 3,6% em 2025. A taxa de desemprego, atualmente em 6,9%, deve permanecer relativamente estável, projetada em 7,2% tanto para 2024 quanto para 2025.

O relatório do FMI traz uma mensagem clara: o Brasil precisa de ajustes estruturais para garantir um crescimento sustentável a médio e longo prazo. O impulso observado neste ano não deve mascarar os desafios que vêm pela frente. A combinação de uma política monetária restritiva, a alta dos juros e a retirada de estímulos exigirá um equilíbrio delicado entre promover o crescimento e evitar pressões inflacionárias. Para o Fundo, o desafio do governo brasileiro será justamente manter a confiança dos investidores, enquanto lida com um ambiente global incerto e uma economia interna ainda sensível a choques.

Com uma previsão mais modesta para 2025, o FMI reforça que a era de crescimento acelerado, impulsionada por fatores temporários, como transferências governamentais e alta demanda reprimida, pode estar chegando ao fim. O foco, daqui para a frente, deve estar em reformas estruturais que ampliem a produtividade, reduzam a dependência de estímulos fiscais e garantam um caminho mais sólido para o desenvolvimento econômico.

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