Fnac fecha última loja no país; ex-funcionários cobram verbas rescisórias
Trabalhadores demitidos no mês passado alegam que ainda não receberam indenizações e não conseguem sacar FGTS
A rede de livrarias Fnac fechou nesta segunda-feira (15) sua última unidade no Brasil, localizada em Goiânia. Nesta terça-feira (16), ex-funcionários da empresa realizaram um protesto em São Paulo, na loja do Conjunto Nacional da Livraria Cultura, que comprou a operação da varejista no país no ano passado. Eles exigiam o pagamento de seus direitos trabalhistas.
Andréia Soares era funcionária da Fnac em Campinas, interior de São Paulo. O local onde trabalhava foi fechado no dia 10 de setembro, juntamente com outras quatro no estado. Ela conta que o protesto na Avenida Paulista foi organizado, porque a empresa ainda não pagou a multa rescisória.
“Fomos informados de que o pagamento seria feito até o dia 10 de outubro. Como o dinheiro não entrou na conta, tentamos pedir informações ao RH da empresa, mas não obtivemos resposta.”
Andréia afirmou que, segundo o sindicato, a Livraria Cultura faria o parcelamento do pagamento da multa rescisória, mas até o final da tarde desta terça-feira eles continuavam sem receber.
“Estamos em contato com os ex-funcionários de São Paulo. Eles têm a mesmas queixas, porque as lojas foram fechadas no mesmo dia que a nossa. Precisamos da verba rescisória, porque sem ela não conseguimos sacar o FGTS e nem o seguro desemprego”, explicou.
Sobre o protesto na loja da avenida Paulista, a Livraria Cultura afirmou por comunicado que “não vai se manifestar por enquanto”.
No mês passado, após fechar a Fnac da Paulista, a Cultura informou que estava apenas seguindo “rigorosamente o plano
estratégico que traçou para os próximos anos: manter unidades com boa performance, qualificar a experiência do cliente em loja e crescer significativamente no e-commerce”.
“Seguindo estes eixos, é certo que não manteremos lojas deficitárias. A Fnac francesa desistiu de atuar no Brasil no passado recente, e o atual cenário de incertezas não nos permite fazer apostas arriscadas”, afirmou.
A empresa afirmou ainda que sua estratégia é “ficar com poucas e ótimas lojas, buscando oferecer um serviço impecável ao
consumidor”.
As dificuldades financeiras da Fnac no Brasil vieram à tona no ano passado, quando a empresa anunciou em seu balanço a intenção de se retirar do país. O faturamento no Brasil representava menos de 2% da receita global. A marca entrou no Brasil em 1998, após comprar as operações do varejo da editora Ática.
Quando foi comprada pela Cultura, a Fnac contava com 12 lojas espalhadas pelo país e empregava 800 funcionários. A crise nesse setor evidencia o golpe sofrido pelo avanço do e-commerce, além da própria redução das vendas de livros, agravada pela turbulência econômica do país.
(Com Estadão Conteúdo)