De olho na falta de tempo ou de aptidão das pessoas para serviços domésticos, cresce o número de empresas que oferecem trabalhos para facilitar o funcionamento de uma casa. Entre os ramos que se destacam estão os que oferecem serviços de lavar e passar roupa, além de pequenos consertos, que vão desde a instalação de um chuveiro até resolver um problema hidráulico.
A Mania de Passar, por exemplo, vai até a casa do cliente semanalmente buscar roupas limpas e as devolve passadas em até 48 horas. Basta pagar uma taxa mensal. Há diversos tipos de planos. O mais barato custa R$ 30 por semana e dá direito a 15 peças de roupa passadas. Há combos para grandes famílias – 80 peças pelo valor de R$ 95 por semana.
A microfranquia foi criada em 2015 por ex-consultores do Sebrae. Um deles é Claudio Augusto, que foi morar sozinho em 2012, comprou uma máquina de lavar e não sabia passar. Na lavanderia, o preço era muito caro para o seu orçamento. A ideia, então, foi justamente criar o seu próprio negócio para salvar quem vive a mesma situação.
“Inicialmente nós montamos uma unidade piloto em Mogi [das Cruzes, em São Paulo]. Eu saí do Sebrae para tocar este projeto e não me arrependo de jeito nenhum. Foi tudo muito rápido, até acima do que eu esperava, ainda mais nessa crise. Trouxemos muitas pessoas e geramos muito emprego”, disse Augusto.
Em março deste ano, a rede tinha apenas cinco unidades. Em julho, saltou para 53. Os sócios esperam fechar o ano com 125.
A Lava e Leva, por sua vez, oferece o serviço de lavar e passar. A empresa oferece quatro tipos de planos mensais. O mais barato, que é recomendado para uma pessoa, cobra a partir de R$ 100 por mês (o preço varia de acordo com a região) e dá direito a dez peças por semana.
“Antes a lavanderia cobrava por peso. Mas nós não sabemos quanto é um quilo de roupa. Criamos uma forma que trouxesse soluções para a família. E essa coisa de mensalidade virou febre”, diz Fernando Martins, fundador da Lava e Leva. Ele ressalta, ainda, a economia que a lavanderia gera em casa.
“Economiza água, sabão e energia. E hoje é muito caro e burocrático ter uma empregada doméstica”, afirma ele, que espera chegar a 350 unidades até o fim deste ano. Atualmente, conta com 320.
Ainda neste ramo, o empresário Alexandre Diniz trouxe para o Brasil um modelo que faz muito sucesso nos Estados Unidos: o de lavanderia “self-service”, que permite que o cliente lave e seque as suas próprias roupas na loja. Com essa ideia, ele criou a Prima Clean Lavanderia Express, que está no mercado há 12 anos e se tornou franquia em 2008. Hoje são 45 unidades em atividade.
“O sistema ‘self-service’ vem crescendo demais. Temos hoje vários condomínios que oferecem esse serviço. É uma demanda que cresce naturalmente”, afirma Diniz.
A empresa, porém, também oferece o serviço convencional, em que um funcionário lava e passa as roupas para o cliente. “Adaptamos um pouco o modelo americano para pegar a tendência antiga com a nova. Um cliente novo normalmente opta pelo ‘self-service’. Depois que cria uma relação, ele deixa [as roupas] na loja”, diz.
Já a Doutor Faz Tudo faz as vezes de marido de aluguel. A franquia oferece serviços como instalações, reformas, elétrica, hidráulica, pintura, ar-condicionado e manutenção predial. A empresa surgiu em 2009 depois de pesquisas feitas em outros países, como conta Artur Hipolito, sócio da marca.
“Aqui no Brasil era tudo muito informal, depende do zelador de um prédio, que não é pintor nem eletricista nem pedreiro. Queríamos trazer mais profissionalismo”, diz Hipolito, que ressalta ainda que a crise econômica enfrentada pelo Brasil neste momento não afeta os seus negócios.
“O franqueado encontra uma mão de obra mais acessível no mercado. Em 2012, por exemplo, era mais difícil contratar um pedreiro ou um eletricista. Agora, vemos que os clientes estão buscando bastante esse tipo de serviço, querem reformar suas casas, tendo em vista a diminuição de oferta das construtoras de prédios”, afirma ele.
Hoje, a Doutor Faz Tudo tem 30 unidades em atividade e outras dez preparadas para entrar em operação. Hipolito espera fechar o ano com 55 unidades.
ESPAÇO E RISCOS
Para Rodrigo Palermo de Carvalho, consultor do Sebrae-SP, tanto o mercado de lavanderia quanto o de “marido de aluguel” têm espaço para crescimento, pois a demanda por esse tipo de serviço é grande.
“O mercado de franquia cresceu mesmo com a crise. No caso de passar roupa, por exemplo, muita gente pode ter máquina de lavar em casa, mas nem todo mundo sabe passar roupa ou tem tempo para isso. Sobre o serviço de marido de aluguel, tem coisas que parecem incrivelmente simples, mas há pessoas que não possuem a menor noção de como se instala um chuveiro, por exemplo”, diz Carvalho.
No entanto, não dá para excluir os riscos. Especificamente nesse ramo, ele cita dois fatores importantes a serem considerados. O primeiro é o perfil para o negócio escolhido. “Às vezes a pessoa não leva jeito, mesmo com treinamento que recebe do franqueador. É preciso ter o perfil para executar o serviço”, diz.
Outro risco é a localização onde a franquia será aberta. “O ponto comercial faz diferença. Uma má avaliação pode te levar a abrir uma loja num lugar onde não há demanda”, afirma.
Os riscos, porém, não param por aí. Após passar por esses dois fatores, é necessário, como um franqueado, buscar conhecimento na área, tanto na parte de gestão empresarial como no marketing e administrativo. Além disso, deve-se conhecer o sistema de franquias e as leis.
“Depois disso tudo, ainda é preciso ir a campo, conhecer outros empresários, ver os modelos de negócio, visitar cinco ou seis franquias e concorrentes. Nesse ramo, é muito importante também ver o local onde vai abrir a unidade”, afirma.
Outro ponto importante é solicitar a circular de oferta da franquia, que mostra as regras e obrigações tanto do franqueado quanto do franqueador. “Por último, é dedicação integral. Vai ter que continuar pesquisando. É um ciclo que continua”, diz.