Fundadores da Tok&Stok confirmam interesse em comprar a Mobly
Negócio pode alcançar até 83 milhões de reais e marcar uma reviravolta da família Dubrule, que fundou a Tok&Stok em 1978

O trio que fundou a rede de móveis e decoração Tok&Stok formalizou seu interesse em adquirir até 100% das ações Mobly, plataforma digital que atua no mesmo mercado. Segundo fato relevante divulgado na noite de sábado, 1º de março, Régis Dubrule, Ghislaine Dubrule e Paul Jean Marie Dubrule informaram à Mobly que pretendem realizar uma “oferta pública voluntária para a aquisição do controle da companhia”.
O capital social da Mobly é representado por 122,8 milhões de ações ordinárias (MBLY3). O valor ofertado é de 68 centavos de real por papel. Com isso, a aquisição pode alcançar até 83,5 milhões de reais. Segundo os potenciais compradores, os números podem ser ajustados sob algumas circunstâncias, como a conversão parcial ou total das 132 165 debêntures emitidas pela Mobly em novembro passado, ou a declaração de dividendos e juros sobre capital próprio.
Para levar o negócio adiante, os fundadores da Tok&Stok apresentaram algumas condições. A primeira é a aquisição de, pelo menos, 85 milhões de ações da Mobly. A segunda é a extinção da cláusula de “poisol pill” do estatuto da Mobly. A subscrição e integralização das debêntures da primeira emissão da Tok&Stok e a renúncia dos detentores desses papéis de declarar o vencimento antecipado, caso a aquisição da Mobly siga adiante, completam a lista de condições.
A oferta dos Dubrule marca uma reviravolta na relação entre as duas empresas. Fundada pela família Dubrule em 1978, a Tok&Stok teve seu controle vendido ao gigante americano de private equity Carlyle em 2012 por 700 milhões de reais. Com a venda, os fundadores passaram a deter 40% da rede de móveis e decoração. Em 2021, a gestora brasileira SPX comprou a operação local da Carlyle e “herdou” a Tok&Stok. Desde então, as divergências entre os Dubrule e a SPX escalaram para uma briga na justiça.
Enquanto a SPX defendia a fusão da empresa com a Mobly, os fundadores esperavam uma injeção de capital para reestruturar dívidas e ganhar fôlego. Com problemas financeiros e uma dívida de mais de 600 milhões de reais, a Tok&Stok pediu recuperação extrajudicial em agosto do ano passado. Entre os principais credores, estão os bancos Bradesco e Santander. A recuperação extrajudicial foi apresentada no mesmo dia em que a Mobly anunciou um acordo a SPX para se fundir à Tok&Stok. O negócio, contestado pelos Dubrule, transformou a Mobly na maior empresa de móveis e decoração do país com faturamento estimado em 1,6 bilhão de reais.
Agora, se a oferta divulgada neste fim de semana de Carnaval for bem-sucedida, a família recuperará o controle da empresa que criou, mas em uma escala maior, já que levará junto a Mobly. Na carta enviada à Mobly, os Dubrule afirmam que, “com base em sua larga experiência no setor de varejo de móveis e decoração, os potenciais ofertantes acreditam firmemente em sua capacidade de impulsionar os resultados da Mobly, como fizeram com a Tok&Stok ao longo do período em que foi conduzida pelos potenciais ofertantes.”