Governo corta taxa de importação no desespero de frear a inflação
Ministério da Economia reduziu a taxa de importação para 11 produtos em uma tentativa de controlar a escalada dos preços
O Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, anunciou nesta quarta-feira, 11, o corte do imposto para importação, contemplando uma lista de 11 produtos. A medida visa frear a inflação, que continua a escalar mesmo com a política contracionista adotada pelo Banco Central de elevação na taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 12,75%.
As taxas de importação serão zeradas para os seguintes itens: carnes desossadas de bovinos congeladas, pedaços de frango, farinha de trigo, trigo, bolachas e biscoitos, produtos de padaria e pastelaria, milho em grãos e ácido sulfúrico. Terão redução de 10,8% para 4% a importação de produtos de aço (vergalhão CA 50 e CA 60), e de 12,6% para 4% o mancozeb técnico, um tipo de fungicida utilizado pela agricultura no controle de pragas.
A medida acontece em meio a enorme preocupação do governo com os dados de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril teve alta de 1,06%, maior que o esperado pelo mercado, de 1,01%. Com isso, a inflação acumula alta de 12,13% em doze meses. “As últimas inflações mensais são as maiores do Plano Real e isso preocupa o governo, em especial durante ano eleitoral”, diz Davi Lelis, economista e especialista da Valor Investimentos.
O principal impacto na elevação do IPCA veio de alimentação e bebidas, que registrou a maior variação, de 2,06%. No ano, o item já acumula alta de 10%. Os bens industrializados também passaram a apresentar uma inflação mais persistente. “O item teve alta de 1,22% no mês e isso traz ainda mais pressão inflacionária para o cenário, muito por conta das cadeias de abastecimento que voltaram a ser impactadas com o lockdown na China, atrasando a entrega de insumos importantes”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. A extensão da guerra adicionado a esse novo cenário de “Covid Zero” na China geram ainda maiores pressões inflacionárias em todo o mundo.
O governo Bolsonaro vem tentando por meio de políticas populistas frear a inflação, que vem minando sua popularidade entre o eleitorado. Recentemente, ele anunciou a ampliação da redução do Imposto sobre Produto Industrializado, o IPl, de 25% para 35%. Medida semelhante foi adotado por Lula em 2004. A medida, no entanto, foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) para produtos que também são fabricados na Zona Franca de Manaus. Nesta quarta-feira, 11, o governo exonerou do cargo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após novo reajuste no diesel. Nos últimos meses, demissões e exonerações foram observadas na Petrobras e nos ministérios em uma tentativa desesperada de intervir nos preços para controlar a inflação.