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Governo prevê PIB a -4,70% e projeta danos a longo prazo por quarentena

Segundo Ministério da Economia, medidas de isolamento social em vigor terão custo no pós-crise: R$ 5 bi por semana no 2º semestre e R$ 7,5 bilhões em 2021

Por Larissa Quintino Atualizado em 3 mar 2021, 10h03 - Publicado em 13 Maio 2020, 11h40

O Governo Federal passou a prever oficialmente a recessão econômica no Brasil,  cenário já dado e claro no dia a dia do país desde que a pandemia causada pelo coronavírus atingiu em cheio o Brasil. Segundo estimativa divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Ministério da Economia, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil irá recuar 4,70% neste ano. A previsão anterior, feita em março, já durante a epidemia, era que o PIB do Brasil  ficasse estável, com variação positiva de 0,02% no ano. Porém, a escalada de casos e a extensão de medidas de distanciamento social para conter a pandemia faz com que a demanda seja menor, afundando o desenvolvimento da economia brasileira no ano e também tendo impactos ao longo prazo, algo enfatizado pela equipe econômica durante a apresentação dos dados e o principal argumento do presidente Jair Bolsonaro para o fim de medidas de distanciamento social tomadas por estados e municípios. Para 2021, a equipe econômica projeta crescimento de 3,20%, 0,10 ponto porcentual a menos que na estimativa feita em março. O patamar pré-crise seria atingido apenas em 2022. A projeção leva em conta a quarentena até o fim de maio. Caso o distanciamento social continue em boa parte do país, a queda na economia pode ser ainda maior.

De acordo com o subsecretário de Política Econômica, Vladimir Teles, a cada duas semanas a mais de paralisação na maior parte do país, o efeito na queda do PIB é de 0,7%. Caso a quarentena se estenda até o fim de junho, o impacto na economia pode ser de queda de mais de 6% no Produto Interno Bruto.

O corte significativo na previsão de crescimento, levando em consideração o fim da quarentena em maio, vem em linha com as estimativas que bancos e analistas de mercado. A agência de risco S&P prevê recuo de 4,61%, já Banco Mundial e FMI preveem queda das de 5% e 5,3%, respectivamente. No início da semana, o mercado financeiro brasileiro estimava recuo de 4,11%. A equipe econômica analisa que haverá queda do PIB no 1º e 2º trimestre, com volta de crescimento no 3º trimestre deste ano.

Segundo o Ministério da Economia, quanto maior for o tempo da quarentena, que fecha comércios, serviços e outras atividades não essenciais, maior será o tombo no PIB e os efeitos em 2021. De acordo com a pasta, considerando o cenário de retomada cíclica até o segundo trimestre de 2021 (com fim da quarentena em maio e reabertura gradual das atividades), o PIB terá impacto semanal de 5 bilhões de reais no segundo semestre e 7,5 bilhões de reais em 2021. “Esses valores tendem a ser muito piores caso consideremos um período de paralisação maior que até 31 de maio”, diz o documento.  “A paralisação de algumas atividades em magnitude nunca observada dificulta a estimação de cenários  prospectivos em diversas frentes, em especial no mercado de trabalho e na saúde financeira das empresas.  Soma-se a este ambiente de incerteza o risco de que medidas fiscais necessárias no curto prazo se tornem um problema no longo prazo”.  O custo do isolamento social, no momento, considerando a quarentena nos períodos de abril e maio, está em 20 bilhões de reais, segundo estimativa. Esse valor é o que o país deixa de produzir durante a quarentena. Segundo o Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério, a estimativa foi feita para mostrar o custo econômico para estimativas de projeções do PIB. “Nós não estamos fazendo nenhuma crítica a política de isolamento, mas precisamos saber o custo disso. O Ministério não se pronuncia sobre a quarentena. Sabemos que todos estão tentando fazer o seu melhor e salvar vidas”, afirmou. 

A queda na demanda, que tem efeitos deflacionários na economia brasileira (que deve ser1,77% e ficar abaixo da meta de 4%), preocupa especialmente pela saúde financeira das empresas e o mercado de trabalho. Segundo o Ministério, a crise prolongada tende a aumentar as dívidas das empresas e o desemprego da população (hoje na casa de 12,7%) e desmontar cadeias produtivas, o que leva a crise a períodos mais longos. “Um dos principais entraves à retomada será o aumento do endividamento agregado da economia pós-isolamento. Tanto as empresas tiveram que elevar o seu endividamento, diante da necessidade de cumprirem seus compromissos durante tal período, quanto o Governo está aumentando sua dívida para implementar políticas de proteção à economia e aos mais vulneráveis. Essa elevação do endividamento tenderá a reduzir o crescimento estrutural da economia neste e nos próximos anos”.

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O aumento da dívida do governo em relação ao PIB se dá por duas razões: além do aumento de gastos somados para mitigar os efeitos da pandemia — que chegam a 5% do PIB neste momento, segundo a pasta —  o governo prevê uma frustração de receitas de impostos da ordem de 178,8 bilhões de reais. Por outro lado, um aumento dos gastos no valor de 292,8 bilhões de reais. O governo chama atenção que o aumento dos gastos é transitório, e não será permanente. Segundo Waldery Rodrigues, secretário da Fazenda, no pós-crise, a agenda de reformas deverá voltar a vigorar para diminuir a razão dívida/PIB. Saschida afirma que após a crise, é necessária a agenda pró-mercado para tentar a atração de investimentos em um momento que tanto o Brasil, quanto o mundo, estarão mais pobres. 

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