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Guedes enfrenta resistência de quatro ministros a plano de privatização

O ministro Marcos Pontes rejeita a venda dos Correios e ameaça meta do governo de receita 20 bilhões de dólares com a venda de estatais

Por Da Redação
21 abr 2019, 13h35

Nem a condição de “superministro” de Paulo Guedes tem sido suficiente para convencer seus colegas da necessidade de privatizar estatais para enxugar a máquina pública e reduzir gastos. Empresas do topo da lista para serem vendidas ou fechadas estão até mesmo recebendo novos funcionários. As maiores resistências vêm dos ministérios de Ciência e Tecnologia, de Agricultura, de Minas e Energia e de Infraestrutura.

O plano de privatizações é um dos pilares da política econômica de Guedes, que chamou o empresário Salim Mattar, dono da Localiza, para levar adiante a desestatização. A meta é obter neste ano receita de 20 bilhões de dólares. Desse valor, o governo diz ter cumprido mais da metade, com 11,4 bilhões de dólares em desestatizações e 646 milhões de dólares em desinvestimentos. Boa parte é de concessões gestadas em governos anteriores.

O Tesouro injeta mais de 18 bilhões de reais ao ano para fechar as contas das estatais dependentes (incapazes de gerar receitas para bancar as despesas). Elas pagam, em média, salário mensal de 13,4 mil de reais, seis vezes mais que o rendimento médio do trabalhador com carteira assinada.

Mas a catequese para convencer os demais ministros a se desfazerem de suas empresas não está fazendo efeito. Um dos símbolos da dificuldade é a resistência do ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, em vender suas estatais, como os Correios. A EBC, empresa de comunicação que o próprio Jair Bolsonaro defendeu extinguir ou privatizar, agora teve os planos revistos pelo Palácio do Planalto.

A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que atua nas áreas de planejamento, estruturação e qualificação de projetos de infraestrutura de transportes, estava perto da extinção, mas está repondo vagas e contratando pessoal. Segundo a empresa, dos 143 cargos de que dispõe, sete estão em fase de contratação neste mês, “haja vista os desligamentos recentes”. A EPL não comenta a intenção do governo de fechá-la.

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A intenção da área econômica era também privatizar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que apura estatísticas agropecuárias, faz a regulação dos preços mínimos com armazenagem de estoques e tem cerca de 4 mil funcionários. A avaliação é de que há outras formas mais eficientes para exercer essa política, e quem acaba ganhando com o desenho atual são os “atravessadores”, que levam o estoque dos armazéns para centros consumidores.

O BNDES quer trabalhar nos planos de venda da empresa e participa de reuniões técnicas com o governo, mas auxiliares da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, consideram que a hipótese de privatizar “está afastada”. A pasta só aprova a redução nos ativos subaproveitados ou com alto custo. O objetivo é “tirar gordura para ganhar musculatura”, o que esbarra na estratégia de Guedes.

Apesar da dificuldade, Salim Mattar é otimista. “O processo de desestatização é irreversível. É questão de tempo.”

(Com Agência Estado)

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