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Guedes estuda cortar salário do funcionalismo para amparar desempregados

Servidores com salário superior a R$ 10 mil teriam redução temporária de 30% para o pagamento de bolsas; informais também seriam beneficiados pela medida

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h23 - Publicado em 25 mar 2020, 19h27
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  • Em isolamento social, em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não parou de trabalhar. Embora tenha aparecido pouco nos últimos dias, o ministro está engendrado em medidas para mitigar os efeitos catastróficos anunciados pela crise que o novo coronavírus causará à economia do país. Depois de desenhar uma medida provisória catastrófica, que permitia a suspensão dos salários por quatro meses sem nenhum amparo da União perante os trabalhadores, o ministro matutou uma alternativa temporária para garantir recursos para o respiro do contingente de 55 milhões de desempregados ou em condições de trabalho informal.

    A medida envolve propor a redução temporária de 30% dos salários de funcionários públicos que recebam mais de 10 mil reais por três meses. Com esses recursos, o governo espera ter à disposição mais de 130 bilhões de reais para distribuir às pessoas em condição de maior vulnerabilidade uma quantia entre 300 e 400 reais, em contrapartida à proposta da medida provisória — que, como adiantou o secretário de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, será reeditada com medidas de auxílio da União para estes trabalhadores. O ministro levou a ideia ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que viu a proposta com bons olhos. Ele se comprometeu a trabalhar com o ministro e arrefecer o clima belicoso estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro.

    Não à toa, em entrevista realizada no fim da tarde desta quarta-feira, 25, Maia defendeu mecanismos de criação de receitas para o enfrentamento da crise. A interpretação do presidente da Câmara é a de que Bolsonaro deve ser ignorado em prol do combate responsável da pandemia no país. Guedes convenceu Maia que a medida permitiria o respiro das contas públicas para quando a crise arrefecer e a atividade econômica for reestabelecida. A solução é criar um “orçamento paralelo” para o combate à doença, sem ferir de morte as contas do país. O ministro já informou ao presidente que o país consegue sobreviver sem os serviços e comércios em pleno funcionamento apenas até o dia 7 de abril.

    Em quarentena desde a segunda-feira, 23, o ministro reagendou todas as reuniões que havia marcado com seu secretariado e o presidente Bolsonaro e tem realizado-as por videoconferência. O Ministério da Economia afirmou que Guedes testou negativo para o novo coronavírus, mas o ministro segue em observação e deve realizar novas testagens. Mais de 20 pessoas que compuseram a comitiva do presidente para os Estados Unidos contraíram a doença.

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