Apesar da idade e da pouca experiência pública, o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, foi aprovado de forma unânime pelo Conselho de Administração do banco em uma votação aberta nesta quarta-feira, 3. Ele, que tem 38 anos, terá a missão de devolver, até o fim do ano, mais de 60 bilhões de reais para o Tesouro Nacional. Essa foi uma das exigências do ministro da Economia, Paulo Guedes, para indicá-lo para o cargo.
Ao conselho, ele prometeu acelerar as vendas de participações do banco em outras empresas e também apoiar as privatizações que o governo pretende promover ao longo dos próximos anos. Na terça-feira 2, quando foi sabatinado, todos os membros do conselho deixaram claro que seus cargos estão à disposição.
Segundo um membro do conselho, há ressalvas internas relacionadas à falta de experiência pública do novo gestor. Mesmo no setor privado, o currículo de Montezano não impressionou. No BTG, ele trabalhava em uma diretoria burocrática, a de crédito. No entanto, os conselheiros decidiram aprová-lo devido ao compromisso de Montezano em atender às demandas do governo. A posse definitiva ainda não foi marcada. A expectativa é que ele assuma o cargo até a próxima sexta-feira, 5.
O engenheiro e economista Gustavo Henrique Moreira Montezano, ocupava o cargo de secretário adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimento do governo, e foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para ser o novo presidente do BNDES. Ele substituirá o economista Joaquim Levy, que se demitiu do cargo no dia 16 de junho, após ser criticado publicamente por Bolsonaro.
Gustavo Montezano é formado em engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e mestre em finanças pelo Ibmec. De acordo com o Ministério da Economia, ele tem 17 anos de carreira no mercado financeiro, trajetória iniciada como analista de ativos privados do banco Opportunity, no Rio de Janeiro. Montezano foi sócio-diretor do banco BTG Pactual em São Paulo, onde era responsável pela divisão de crédito corporativo, e atuou ainda como diretor de operações na ECTP, mais conhecida como BTG Commodities, em Londres. Na Secretaria de Desestatização e Desinvestimento do governo Bolsonaro, era o braço-direito do secretário especial, Salim Mattar.
Ao assumir o comando do banco de fomento, Montezano terá demandas conhecidas de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes a atender. O presidente pressiona o banco pela “abertura da caixa-preta” dos empréstimos a países como Venezuela, Cuba e Angola nos governos do PT, conforme prometeu em campanha. Já o ministro quer redesenhar o tamanho do BNDES, por meio da venda de participações em empresas, o que permitiria a devolução de recursos ao Tesouro.
O antecessor de Montezano, Joaquim Levy, pediu demissão no dia 16 de junho, um dia após Bolsonaro dizer que estava “por aqui” com o presidente do BNDES. Além da não abertura da “caixa-preta”, Bolsonaro ficou contrariado com a indicação do advogado Marcos Barbosa Pinto à diretoria de mercado de capitais do banco e declarou que demitiria Levy se ele não voltasse atrás na escolha. Barbosa ocupou cargos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o próprio Joaquim Levy, que foi secretário do Tesouro entre 2003 e 2006. O ex-presidente do BNDES ainda foi ministro da Fazenda de janeiro a dezembro de 2015, no governo Dilma Rousseff.