Haddad diz que reunião com secretário do Tesouro dos EUA foi cancelada: ‘problema político’
Encontro era visto como um passo importante em direção a um eventual acordo com os Estados Unidos que colocasse fim ao tarifaço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 11, que a reunião com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, foi cancelada. A afirmação foi feita na Globonews no início da tarde. O encontro estava marcado para a próxima quarta-feira, 13. O encontro era visto como um primeiro passo efetivo na busca de um acordo comercial que colocasse fim à guerra comercial imposta pelos Estados Unidos ao Brasil em julho. Para Haddad, o cancelamento tem um componente político após ação da extrema-direita.
O presidente norte-americano, Donald Trump, impôs tarifas de 50% aos produtos exportados pelo país aos Estados Unidos, a medida entrou em vigor na semana passada. Embora tenha havido uma série de isenções, uma série de produtos foram afetados, entre eles, o café e a carne brasileira. Nas contas de Haddad, são 10 mil empresas afetadas pelo tarifaço.
Enquanto uma saída diplomática para a crise fica cada vez mais distante, o governo federal se prepara para anunciar um pacote de ajuda às empresas afetadas. O plano prevê, segundo o ministro da Fazenda, linha de financiamentos e até deslocamento de compras governamentais, se for o caso. A medida provisória com as mudanças será flexível, ainda segundo fala de Haddad à Globonews. Isso significa que haverá regras gerais a serem seguidas, mas elas serão adaptáveis para cada empresa.
Não havia como prever?
Questionado durante o programa Estúdio i se o governo brasileiro não deveria ter previsto esse movimento de Trump, o ministro da Fazenda disse que na reunião de maio deste ano, Bessent falou até mesmo que a tarifa de 10% poderia ser considerada inadequada. A avaliação do ministro tem como base detalhes da conversa em que Haddad questionou o secretário do Tesouro indicando que mesmo a tarifa de 10% não teria justificativa uma vez que a região, a América do Sul, compra mais do que vende aos Estados Unidos. “Ele falou: ‘você tem um ponto'”. Para Haddad, portanto, a diferença entre a conversa de maio e a decisão de julho de Trump é política. “O problema é político”.
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado foi citado na carta de Trump que informava a intenção de taxar as exportações brasileiras em 50%. Filho do ex-presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos. De lá, o parlamentar articula em favor de sanções ao Brasil por conta do processo judicial que envolve o pai. Os norte-americanos acatam a lógica de Eduardo até o momento, uma vez que, para além das sanções comerciais, os Estados Unidos incluíram o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, na Lei Magnitsky.