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Haddad é um ‘herói’ por enfrentar resistências do PT, diz Simone Tebet

Ministra do Planejamento destaca a resiliência do titular da Fazenda, diante dos ataques do PT e da chegada de Gleisi Hoffmann ao governo

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 mar 2025, 10h53 - Publicado em 13 mar 2025, 10h08

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que seu colega da Fazenda, Fernando Haddad, é “um verdadeiro herói nesse sentido, de enfrentar uma resistência do próprio partido.” Em entrevista entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, Tebet disse que a equipe econômica, muitas vezes, é uma voz “dissidente” dentro do governo Lula, por lembrá-lo de que “não tem almoço grátis”, isto é, medidas populistas para agradar eleitores, petistas e aliados pesam nos cofres públicos e, no limite, prejudicam a economia no longo prazo.

“Não vamos inventar subsídios, não vamos criar fórmulas passadas que não deram certo. Não vamos fazer isso”, afirmou Tebet à GloboNews. “A equipe econômica tem consciência.” As declarações de Tebet se somam a outras manifestações de apoio a Haddad nos últimos dias, na esteira da chegada de Gleisi Hoffmann à Secretaria de Relações Institucionais do governo. Gleisi, que presidiu o PT até dias atrás, é uma das maiores críticas da política econômica de Haddad, expressando publicamente sua oposição ao controle de gastos.

No fim de 2023, por exemplo, Gleisi defendeu abertamente, em um painel sobre política econômica organizado pelo PT e que contou também com Haddad, que o Brasil tolerasse um déficit primário de 1% ou 2% do PIB no ano seguinte, para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegasse às eleições municipais forte o bastante para emplacar seus candidatos. Na ocasião, Haddad lembrou o básico: nos dez anos anteriores, o Brasil acumulara um déficit fiscal de 1,7 trilhão de reais, sem que houvesse um salto de desenvolvimento. “Não existe ‘faz déficit que resolve tudo’. Não tem bala de prata”, afirmou o ministro no painel. A advertência, porém, não surtiu efeito, e a resolução aprovada pelo diretório nacional do PT, naquele encontro, pregava que o Brasil precisa, “urgentemente, se libertar do austericídio fiscal”.

Por isso, a chegada de Gleisi ao governo é vista com preocupação por agentes econômicos e financeiros, que a interpretam como um sinal de que Lula promoverá uma guinada populista, de olho na implosão de sua popularidade e na eleição presidencial do ano que vem. Isso isolaria ainda mais Haddad e Tebet, que brigam praticamente sozinhos pelo controle das contas. A fritura de Haddad por parte de aliados de Lula esquenta, à medida que a eleição se aproxima, e alguns já pedem sua cabeça.

Ciente dos temores, Lula passou a elogiar publicamente Haddad, a fim de reforçar seu apoio ao trabalho da Fazenda. Somente nesta semana, o presidente fez acenos em duas ocasiões. Na terça-feira, 11, durante um evento em Betim (MG) que contou com a presença do ministro, Lula o apontou como o “responsável pelos acertos das coisas benéficas que estão acontecendo no país”. No dia seguinte, no anúncio do novo crédito consignado aos trabalhadores com carteira assinada, o presidente dirigiu-se a Haddad para afirmar que ele poderia passar “para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse país já teve.”

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Na entrevista à GloboNews, Tebet procurou contemporizar as divergências públicas entre Gleisi e Haddad, e atribuiu as críticas da nova ministra ao seu antigo papel de “presidente de um partido, que era um partido que tinha uma posição ideológica e econômica muito clara. Ela não podia fazer outra coisa enquanto presidente do partido.” Agora, a titular do Planejamento acredita que, como ministra, Gleisi saberá “dar o suporte necessário para aprovar as medidas econômicas, microeconômicas em especial, que a equipe econômica e que o ministro Haddad têm.” Para mostrar alinhamento ao governo, Gleisi também declarou apoio a Haddad, durante a cerimônia de posse na segunda-feira, 10.

A ministra acrescentou que as pastas do Planejamento e da Fazenda estão empenhadas em incluir a expansão do Vale-Gás (que se transformará no programa Gás para Todos) e do Pé-de-meia, que fornece auxílio financeiro a estudantes carentes do ensino médio, no Orçamento deste ano, cumprindo a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Inicialmente, o plano do governo era bancar os dois programas com recursos fora do Orçamento. No caso do Gás para Todos, o financiamento viria do repasse direto de recursos gerados pelo pré-sal para a Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento do benefício. Apoiado pelo ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, com a expansão, o programa passará dos atuais 5,6 milhões de famílias para 20 milhões, a um custo de 3,4 bilhões de reais. Desse total, apenas 600 milhões estão previstos na proposta de Orçamento deste ano.

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O Pé-de-meia, que seria pago com fundos administrados pelo Ministério da Educação, chegou a ter os pagamentos aos estudantes suspensos em janeiro pelo TCU, também por não constar no Orçamento. O objetivo do programa é beneficiar 4 milhões de alunos e seu custo é estimado entre 10 bilhões e 15 bilhões de reais. Tanto no caso do Gás para Todos, quanto no do Pé-de-meia, o tribunal apontou riscos de pedalada fiscal, já que a manobra elevaria gastos, sem, contudo, colocá-los no Orçamento.

Agora, as equipes de Tebet e Haddad trabalham para encaixar as novas despesas na peça que será votada pelo Congresso nas próximas semanas. Tebet também mostrou-se otimista sobre as chances de encaixar as novas despesas sem estourar a meta fiscal aprovada para este ano – zerar o déficit primário, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.  “Vamos conseguir entregar o Orçamento, uma vez aprovado, cumprindo as regras fiscais.” Nesta quarta-feira, 12, por exemplo, o Planejamento enviou um ofício ao Congresso, propondo um corte de 7 bilhões de reais no Bolsa-Família para acomodar os novos gastos.

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