O Ibovespa, principal índice da B3, aprofundou as perdas nesta sexta-feira, registrando uma queda de 1,43%, fechando aos 127,8 mil pontos. O movimento reflete a piora nas expectativas inflacionárias, após o IPCA de outubro acelerar para 4,75% no acumulado de 12 meses, ultrapassando o teto da meta de 4,5%. Com isso, o índice acumula uma perda semanal de 1%.
“A inflação acima das expectativas trouxe um cenário de incerteza em relação à política monetária. Esse resultado reforça a possibilidade de que o Banco Central mantenha a Selic elevada por mais tempo, pressionando os juros futuros e aumentando a aversão ao risco entre os investidores, o que torna o ambiente doméstico ainda mais desafiador”, afirma Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.
Além disso, a falta de clareza sobre o pacote de corte de gastos do governo agrava o desconforto fiscal, elevando as incertezas e afastando investidores estrangeiros.
“O risco é que um novo aumento da Selic desacelere a economia sem resolver o problema fiscal de longo prazo, que exige uma resposta governamental mais urgente e concreta”, complementa Iarussi.
O dólar também ganhou força, encerrando o pregão cotado a R$ 5,73. Esse movimento de queda no índice e alta no dólar foi impulsionado por três fatores principais: a decepção com o pacote de estímulo fiscal da China, as incertezas sobre o ajuste fiscal brasileiro e o avanço da inflação local. “O estímulo chinês não foi suficiente para aumentar a demanda interna por commodities, impactando negativamente as moedas de países emergentes, como o real”, explica Iarussi.
O Ibovespa também foi pressionado pela queda nas commodities. O petróleo e o minério de ferro registraram forte desvalorização, levando as ações da Vale a caírem mais de 5%, com perda de R$ 17 bilhões em valor de mercado. Apesar do petróleo negociar em queda diante ao cenário externo adverso, a Petrobras registrou ganhos, impulsionada pelo resultado trimestral, que apontou um lucro de R$ 32,6 bilhões, uma alta de 22,3% no lucro líquido.