ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Iguais, mas diferentes: o que a Pnad Contínua e o Caged revelam sobre o desemprego

Taxa de desocupação do Brasil chegou a 6,5%, leve alta sobre o trimestre anterior e queda em base anual; Caged mostrou criação de mais de 100 mil vagas

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 fev 2025, 15h01 - Publicado em 27 fev 2025, 14h50

Os dados do mercado de trabalho no Brasil divulgados entre ontem e hoje entregam para os investidores leituras semelhantes da atividade brasileira, mas diferentes em alguns aspectos. De um lado, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostrou que a taxa de desocupação caiu 1,1 ponto percentual, para 6,5%, no trimestre encerrado em janeiro na comparação com igual intervalo um ano antes. De outro, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou uma forte criação de empregos em janeiro, de 137 mil vagas.

Quando o desemprego diminui, isso indica que a economia está mais aquecida, com mais pessoas ocupando vagas. Com isso, os receios com a inflação crescem – assim como a perspectiva de que os juros permaneçam mais altos por mais tempo. Se o desemprego aumenta, o efeito é o contrário. Já uma criação mais forte de vagas de trabalho também sinaliza uma atividade robusta, endossando o risco de pressões inflacionárias.

A questão é que, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a taxa de desocupação mostrou um pequeno aumento de 0,3 ponto percentual, o que permite uma leitura de que, apesar da comparação sazonalizada apontar para queda, a economia perdeu levemente a força de um trimestre para o outro. Leitura semelhante se pode fazer da população desocupada e ocupada, em que a comparação com o trimestre anterior ou em base anual apontam para direções distintas.

No meio dessa história está o Caged, que mostrou que o Brasil voltou a contratar mais do que demitir no começo de 2025 – embora na comparação com janeiro de 2024 a criação de vagas tenha sido menor.  Com o número de novos empregos vindo acima do esperado, uma leitura possível é novamente de uma economia mais forte e mais propensa à inflação. Os dados de janeiro, porém, mostram também que as contratações nem de longe se aproximam das mais de 530 mil demissões no fim do ano anterior – um sinal de arrefecimento da economia.

Vale salientar, contudo, que o Caged mede a movimentação de postos de trabalho formal, ou seja, com carteira assinada, enquanto a Pnad considera na ocupação várias modalidades além de carteira assinada: trabalhador por conta própria, sem carteira, autônomo e trabalho doméstico estão entre as formas de trabalho consideradas na Pnad. 

Continua após a publicidade

Diante disso, os economistas acabam chegando a algumas conclusões diferentes — ambas corretas, mas que mudam de acordo com o recorte que se faz. Arnaldo Lima, economista e chefe da área de relações com investidores da Polo Capital, dá ênfase à taxa de desemprego na base anual, em que observa que a continuidade da queda da desocupação, observada desde 2021, vem sendo impulsionada pelo aumento da ocupação formal nos últimos meses, “evidenciado tanto pela Pnad, quanto pelo Caged”.

“Nesse contexto, o processo de convergência da inflação à meta continua desafiador, especialmente porque o crescimento do consumo vem sendo sustentado por um mercado de trabalho robusto”, afirma o economista.

Em direção oposta vai Rafael Perez, economista da Suno Research, justamente por dar ênfase à comparação com dezembro. “Os dados começam a sinalizar uma perda de tração do mercado de trabalho”, diz ele. “Os dados de emprego se juntam a outros indicadores de alta frequência, que revelam uma perda de intensidade da atividade econômica e devem resultar em menor crescimento em 2025.”

Continua após a publicidade

Em casos de desaceleração econômica, é comum que o mercado informal mostre mais rápido os efeitos.  No C6, a visão é de que, mais do que um mercado de trabalho forte, os dados apontam para uma piora na composição, sinalizando que a taxa de desemprego, que vinha caindo “em ritmo forte”, começa a se estabilizar. “Acreditamos que o mercado de trabalho continuará aquecido, e a taxa de desemprego deve encerrar o ano próxima a 6%, patamar bastante baixo para os nossos padrões históricos”, diz Claudia Moreno, economista do banco. 

Na Equus Capital, a expectativa também aponta para outro lado. “A leve alta no desemprego é um sinal da desaceleração da economia, que está passando por uma fase de aperto monetário graças aos aumentos na Selic”, diz Felipe Vasconcellos, sócio da casa. “Com cerca de 7,2 milhões de brasileiros desocupados, a capacidade de consumo da população pode ser impactada, o que contribui para uma redução na inflação.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.