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Indefinições sobre tabela do frete travam transportes de carga no país

Ministro da Agricultura diz que país deixa de exportar 450 mil toneladas por dia devido ao impasse em relação ao preço do frete

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 12 jun 2018, 15h11 - Publicado em 12 jun 2018, 12h33

As idas e vindas do governo em torno da tabela com o preço mínimo do frete rodoviário desencadearam um segundo capítulo da paralisação dos caminhoneiros. Embora não haja mais bloqueio nas estradas, a indefinição do custo dos transportes está fazendo com que empresas adiem os embarques de mercadorias, com reflexos na exportação e na produção.

Os dados do setor privado que chegaram à mesa do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, apontam para um atraso de onze dias nos embarques do agronegócio. “Deixamos de exportar 450.000 toneladas por dia”, disse. É o suficiente para carregar sessenta navios. Mas, sem carga, eles ficam parados no porto, sujeitos a uma cobrança diária de 25.000 dólares.

O quadro foi confirmado pelo diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. “O mercado continua completamente parado. Tem 10 milhões de toneladas já vendidas e paradas no interior e cinquenta navios de soja ao largo dos portos esperando resolver essa situação para poder embarcar”, disse. Segundo ele, há outros sessenta navios chegando aos portos brasileiros e correndo o risco de enfrentar o mesmo problema.

Na produção industrial, também há cargas paradas. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as empresas já enfrentam dificuldades para obter insumos.

“O país está parado”, afirmou Wallace Landim, o “Chorão”, uma das lideranças dos caminhoneiros autônomos. Ele esteve na segunda-feira 11 na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutir um ajuste na tabela do frete.

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O tabelamento do preço mínimo para o frete rodoviário – decisivo para acabar com a paralisação dos caminhoneiros – virou uma armadilha para o governo. Sob pressão, já foram editadas duas versões da tabela. A primeira – que é a que está em vigor hoje – atendeu os caminhoneiros, mas revoltou o agronegócio, que fala em aumentos de até 150% nos preços. A segunda procurou aliviar o custo dos produtores, mas contrariou os caminhoneiros. O governo a revogou. Uma terceira versão está em discussão desde o fim da semana passada.

“É uma balbúrdia danada”, disse o presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Baldez. Ele confirmou que há represamento da carga. “Não é represália aos caminhoneiros. É por causa da indefinição de preços.”

Segundo Baldez, o agronegócio não contrata caminhoneiros autônomos e, sim, transportadoras. Essas, por sua vez, recrutam os autônomos quando sua equipe é insuficiente para dar conta do serviço. “Se eu contrato essa empresa, tem de ser pelo frete mínimo?”

A Associação dos Transportadores Rodoviários (ATR) ingressou com uma ação de inconstitucionalidade contra a tabela. No Supremo Tribunal Federal (STF), o caso deverá ficar com o ministro Luiz Fux. A CNI pretende fazer o mesmo nesta semana. Outras entidades, como a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e a Anec, também procuraram a Justiça. Na semana passada, o tabelamento chegou a ser suspenso para duas empresas por uma decisão judicial, mas a liminar foi derrubada na sexta-feira 8.

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