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Inflação alta e juros fazem volume de vendas virtuais cair na Black Friday

Entre a pré-Black Friday e a Cyber Monday, comércio eletrônico faturou R$ 6,5 bilhões; em 2021, instabilidade de sites foi menor

Por Felipe Mendes Atualizado em 30 nov 2021, 19h35 - Publicado em 30 nov 2021, 19h28
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  • A despeito da inflação que prejudica o poder de consumo do brasileiro, a Black Friday mostrou-se estar consolidada como uma das principais datas promocionais no imaginário dos consumidores. Segundo números da empresa de pesquisas NielsenIQ Ebit, as vendas do comércio eletrônico entre os dias 25 e 29 de novembro deste ano totalizaram 6,48 bilhões de reais, um crescimento nominal de 8% em relação ao mesmo período de 2020. O número de pedidos, no entanto, caiu 8% na mesma base de comparação, para 9,3 milhões.

    Diante da demanda inferior neste ano, o e-commerce brasileiro sofreu menos com a lentidão e a instabilidade causadas pelo maior volume de tráfego de dados na internet. Segundo dados da consultoria Sofist, 96,5% dos sites de venda monitorados (dentre os quais e-commerces populares como Amazon, Americanas, Casas Bahia, Magazine Luiza e Mercado Livre) apresentaram instabilidade em algum momento entre a pré-Black Friday e a Cyber Monday. Ao todo, esse período fora do ar gerou um prejuízo estimado de 36,1 milhões de reais, volume 26% inferior ao registrado em 2020.

    O levantamento da Sofist detectou que, dos 116 sites de venda analisados, 54 tiveram quedas ocasionais que impediram o consumidor de realizar compras em algum determinado momento entre às 22h de 25 de novembro, véspera da Black Friday, e 23h59 da segunda-feira, 29. A indisponibilidade somada chegou 9 horas e 25 minutos, números bem inferiores do que as mais de 15 horas de inoperância registradas em 2020. Para Bruno Abreu, CEO da Sofist, os números são positivos e demonstram que as varejistas do âmbito on-line estiveram mais atentas à data este ano. “O varejo virtual demonstra sinais de amadurecimento na parte de tecnologia, com preparação e organização prévia para esses picos de vendas”, diz. “Independentemente da queda no número de pedidos realizados pela internet este ano, os sites que deram algum problema no ano passado se aprimoraram para a Black Friday deste ano. No fim das contas, isso é positivo para o consumidor.”

    Neste ano, a empresa de monitoramento considerou que cada hora em que um e-commerce fica fora do ar na Black Friday resultou numa perda média estimada em 3,83 milhões de reais. O cálculo foi estimado com base no volume de acessos, tíquete médio e taxa de conversão dos sites de venda no Brasil. A maior parte da instabilidade ficou concentrada entre a madrugada e a manhã da sexta-feira 26, quando foi celebrada a Black Friday. “Na sexta-feira, tivemos alguns erros com plug-ins, que atrapalharam a vida das varejistas. No caso, um dispositivo de e-mail marketing acabou deixando o tempo de carregamento de alguns sites mais lento”, explica Abreu.

    De acordo com Keine Monteiro, executivo de inteligência da NielsenIQ Ebit, o crescimento tímido do evento promocional este ano se deu graças a uma maior preocupação do consumidor com questões conjunturais, como a inflação e a taxa de desemprego, além da antecipação de parte das promoções por parte dos e-commerces. “Há uma maior preocupação do consumidor diante das altas da inflação, da taxa de juros e do desemprego. Por conta disso, ele foi mais seletivo em busca dos melhores descontos”, afirma o especialista. “Mas o destaque mesmo é que o brasileiro usou a Black Friday para fazer compras de alimentos e bebidas de olho no Natal”. Segundo a empresa, as compras realizadas no período da pesquisa geraram um tíquete médio de 697 reais, avanço de 17% em relação a 2020.

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