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Inflação desacelera com alimentos mais baratos, mas estoura teto da meta

Índice variou 0,24% no mês e acumulou alta de 5,35% em 12 meses, acima do limite de 4,5%. Galípolo terá que escrever carta para justificar IPCA fora da meta

Por Larissa Quintino Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jul 2025, 11h16 - Publicado em 10 jul 2025, 09h14

A inflação foi de 0,24% em junho, uma ligeira desaceleração em relação a maio, quando variou 0,26%. Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo IBGE, em 12 meses, o IPCA oficial do país acumula alta de 5,35%, descumprindo a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional.

O centro da meta é de 3% e o teto até 4,5%. Com a mudança da meta anual para a contínua, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, é obrigado a escrever uma carta a Fernando Haddad, ministro da Fazenda, com os motivos para o estouro. Essa é a segunda vez em seu mandato que o atual mandatário da autarquia terá que escrever documento para justificar o índice fora da meta.

O modelo de meta contínua estabelece que, em vez de ser medido a cada ano-calendário, como funcionava até o fim do ano passado, o IPCA seja verificado continuamente. É considerado que a meta foi descumprida se a inflação acumulada em 12 meses ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses seguidos. Como a regra passou a valer em janeiro de 2025, quando a inflação em 12 meses já chegava a 4,56%, o resultado de junho deve marcar o sexto mês consecutivo fora do limite.

Resultado

A inflação de junho foi influenciada , principalmente, pela energia elétrica residencial, que, com a vigência da bandeira vermelha, registrou aumento de 2,96% no mês, sendo o subitem de maior impacto individual no índice (0,12 p.p.).

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“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, destaca Fernando Gonçalves, gerente do IPCA. Ele relembra a trajetória do subitem em 2025: “no início do ano, com o bônus de Itaipu, houve queda em janeiro, reversão em fevereiro e, depois, bandeira verde. No mês passado, entrou em vigor a bandeira amarela e, agora, a vermelha”.

O grupo Habitação (0.99%) foi, ainda, influenciado pela alta na taxa de água e esgoto (0,59%). No mês, o grupo contribuiu com 0,15 p.p. para o índice geral.

Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas registrou a primeira deflação (-0,18%) em 9 meses, contribuindo com -0,04 p.p. na taxa geral. O grupo foi influenciado pela alimentação no domicílio, que saiu de 0,02% em maio para -0,43% em junho, com quedas no ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). No lado das altas, destaca-se o tomate (3,25%).

Já a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46% em junho, frente ao 0,58% de maio. O subitem lanche passou de 0,51% em maio para 0,58% em junho, e a refeição, por sua vez, saiu de 0,64% em maio para 0,41% em junho.

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A queda no grupo Alimentação e bebidas se reflete no índice de difusão do mês de junho, ou seja, no percentual de subitens que tiveram resultado positivo, que passou de 60% em maio para 54% em junho. Entre os alimentícios, o índice caiu de 60% para 46% e entre os não alimentícios, manteve-se a taxa de 60%. “Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024, quando o grupo Alimentação também apresentou uma redução em sua taxa”, observa o gerente. “Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se tirássemos a energia elétrica, ficaria em 0,13%”, conclui.

O grupo dos Transportes também teve contribuição positiva relevante no mês (0,05 p.p), aumentando 0,27% após recuo de 0,37% em maio. Mesmo com a queda dos combustíveis (-0,42%), as variações no transporte por aplicativo (13,77%) e no conserto de automóvel (1,03%) impulsionaram a alta.

“No mês anterior, a passagem aérea estava em queda, assim como os combustíveis, o que ajudou a taxa a ficar negativa. Neste mês, a passagem aérea registrou alta de 0,80% e o transporte por aplicativo puxou a taxa para cima, mesmo com a queda em combustíveis”, explica o gerente.

No Vestuário (0,75%), que contribuiu com 0,04 p.p. em junho, destacam-se as altas na roupa masculina (1,03%), nos calçados e acessórios (0,92%) e na roupa feminina (0,44%).

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As demais variações e impactos no IPCA de junho foram: Saúde e cuidados pessoais (0,07% e 0,01 p.p.); Despesas pessoais (0,23% e 0,02 p.p.); Comunicação (0,11% e 0,01 p.p.); Educação (0,00% e 0,00 p.p.); e Artigos de residência (0,08% e 0,00 p.p.).

No agregado especial de serviços, o IPCA acelerou de 0,18% em maio para 0,40% em junho, e o agregado de preços monitorados, ou seja, controlados pelo governo, desacelerou de 0,70% para 0,60%.

Fernando explica que, no agregado dos serviços, a variação negativa em maio na passagem aérea contribuiu para a desaceleração da taxa naquele mês. Agora, a alta em transporte por aplicativo também puxou o índice para cima, assim como a alimentação fora do domicílio, que veio positiva e tem peso no orçamento das famílias.

“Já entre os monitorados, que desaceleraram em junho, a energia elétrica continua influenciando, mas menos do que no mês passado. A taxa de água e esgoto também veio com menos força (de 0,77% para 0,59%) e os combustíveis novamente apresentaram variação negativa, com a gasolina registrando -0,34%. Tudo isso contribuiu para uma variação menor dos monitorados”, conclui.

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Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do programa VEJA Mercado:

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