Inflação nos EUA leva mercado a esperar menos cortes de juros pelo Fed
Índice de preços ao consumidor foi de 0,4% em março, ligeiramente acima do 0,3% esperado pelos investidores
Os dados de inflação divulgados nesta quarta-feira, 10, nos Estados Unidos acenderam o alerta de que há menos espaço para cortes de juros na maior economia do mundo. O índice foi de 0,4% em março e a variação em 12 meses passou de 3,2% em fevereiro para 3,5% em março.
Somado a um mercado de trabalho ainda forte, o indicador de preços mostrou que a atividade americana segue resiliente, com resistência da inflação em ceder abaixo da meta de 2% do Federal Reserve.
Além dos dados da inflação ao consumidor americano terem vindo ligeiramente acima do esperado na comparação mensal e anual, o núcleo da inflação – que exclui preços voláteis de energia e alimentos – também veio acima da expectativa nas duas bases de comparação.
De acordo com a ferramenta CME FedWatch, que acompanha as projeções para a política monetária americana a partir dos preços de futuros do Fed Funds dos últimos 30 dias, a probabilidade de corte de juros em 0,25 ponto percentual caiu de 56,1% ontem para 19,6% hoje, enquanto a chance de manutenção da taxa no patamar de 5,25% a 5,50% disparou de 42,6% para 80,4%. A expectativa de manutenção cresceu substancialmente até setembro.
A inflação acima do previsto pelo mercado se soma aos dados fortes do chamado “payroll”, o relatório de emprego e desemprego nos Estados Unidos, divulgado na semana passada, quando foi informada a criação de 303 mil vagas de emprego. Uma economia aquecida preocupa economistas porque representa um potencial fortalecimento da inflação.
“Estamos vendo petróleo, alimentos e commodities metálicas subindo, apesar de o minério não acompanhar. A inflação continua subindo no mundo, com efeito do petróleo, gás e alimentos”, afirma Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
Para Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos, os dados da inflação americana vieram ruins e mostram que a batalha contra a inflação “não está ganha”, já que a resiliência no segmento de serviços tem feito com que a inflação ao consumidor fique estabilizada em um patamar muito acima da meta do Fed, de 2%.
“Com isso, embora um corte em junho ainda seja bastante provável, aumentam as chances de o movimento começar apenas no segundo semestre de 2024”, diz, em nota enviada a clientes.