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Inflação reduz ritmo, mas preço ainda é alto nas gôndolas

Queda na renda tira o efeito de alívio da desaceleração dos preços, diz economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Por Da redação
3 jul 2017, 11h01

A inflação tem perdido fôlego nos últimos meses, e as projeções para 2017 se mantêm em queda. Apesar disso, com o desemprego em um patamar elevado, o nível de preços, ainda alto, continua a pesar no bolso do consumidor, inclusive das famílias de baixa renda, que teoricamente seriam as mais favorecidas pelo momento.

Os alimentos in natura, por exemplo, registram aumento de apenas 1% nos últimos 12 meses. “Os preços que têm tido alta maior são referentes a serviços, como lazer. E, como boa parte da cesta de consumo da baixa renda é de itens de alimentação, o custo desses produtos já não pesa tanto quanto pesava no ano passado”, afirma André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele reforça, porém, que a queda na renda tira o efeito de alívio da desaceleração dos preços. “Muitas pessoas estão desempregadas ou com salário defasado. Por isso, a percepção é de que ficou mais difícil bancar as contas.”

Se as projeções do Banco Central se confirmarem, o Brasil pode registrar em junho, segundo o Boletim Focus, uma queda de 0,07% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) – o que seria a primeira deflação para este mês desde 2006. No entanto, na avaliação do economista e professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Heron do Carmo o índice de preços costuma cair em junho devido à sazonalidade de produtos agrícolas e, portanto, a queda generalizada dos preços não deve se sustentar por um período mais longo.

“Vivemos uma conjunção de fatores que contribuem para essa deflação, como a diminuição dos preços administrados, por exemplo. Mas esse cenário não irá permanecer, e é isso que distingue um processo deflacionário de uma queda episódica de preços”, ele destaca.

O consumidor que mais se beneficia com a queda da inflação é aquele que consome itens básicos, como alimentos, aponta o professor. “A deflação traz um benefício significativo para aquela parcela da população de baixa renda que paga o ‘imposto inflacionário’, que não tem condições de aplicar seu dinheiro (e protegê-lo), tendo seus gastos concentrados em itens de primeira necessidade”, afirma.

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Salários

Em relação ao reajuste de salários, segundo especialistas, há um movimento de correção. Em anos anteriores, eles subiram acima do aumento dos preços e, agora, com os indicadores desacelerando, o reajuste deve ser menor, especialmente no terceiro trimestre – o que tende a levar a inflação ainda mais para baixo. “O choque nos preços dos alimentos, somado ao reajuste menor dos salários tem um efeito inercial positivo sobre a inflação”, diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra. “Quando o mercado estava aquecido, havia aumentos reais. Agora, a ênfase está na garantia do emprego.”

(Com Estadão Conteúdo)

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